sábado, 25 de julho de 2015

TEMA: ACONSELHAMENTO PASSTORAL

ACONSELHAMENTO PASTORAL

(Inspirado na Apostila e Palestra de Miriam C. P. Siqueira,
Conselheira, formada em counseling – Formada em Roma)

Introdução

Por que as pessoas não procuram conselheiros pastorais? Será que nós mesmos, como ministros (as) de Deus não somos capacitados para este atendimento? Devemos ou não fazer propaganda de nosso atendimento? Qual é a nossa missão junto ao povo? Que tempo você padre, religioso (a) está disponível para ajudar as pessoas num diálogo íntimo com Deus? O que está faltando para que você seja um ótimo conselheiro?
A melhor propaganda é feita por pessoas que são atendidas por você. Aqui está uma síntese que servirá de apoio para quem deseja tornar conselheiro. Além do estudo da Sagrada Escritura e compreensão básica sobre psicologia, você deverá ser uma pessoa de oração. A experiência é fundamental. É válido lembrar que esta é uma pequena síntese, um aperitivo para quem deseja ajudar o irmão.

Fontes de inspirações para o atendimento

Deus pede tudo de nós, mas no dá tudo. Quando você está cansado, sente-se no colo de Deus. O maior de todos os tesouros é o próprio Cristo. Ele é o amigo verdadeiro, pois dá a vida por você.
Quanto ao objetivo principal: Lembre-se que a pessoas é única e deve ser a mesma em todos os momentos. Isso também se aplica a você como conselheiro. Às vezes eu sou o que não sou e tento viver o que os outros pensam que sou, usando máscaras. Seja você mesmo, carregar máscaras desgasta muito. As pessoas deixam o que é mais importante para o final. Elas fazem rodeios. Por isso, é preciso que o conselheiro seja amigo e confidente.
O conselheiro (a). Ele é um facilitador. A pessoa deve sentir que o conselheiro está disponível. Ele levará a pessoa a ser feliz e a encontrar o sentido de sua vida no presente, não quando ela realizar uma grande obra ou comprar algo significativo. Não se pode sacrificar o presente por um futuro incerto e nem ficar isolado no passado que não existe mais.
O ideal supremo da vida é o amor. Quem ama conhece a Deus e, permanecendo unido no amor de Deus cumprirá sua Santa Vontade que é vida plena para todos. No aconselhamento, conselheiro e a pessoa que é aconselhada descobrem o que melhor dá prazer a Deus. A razão é iluminada pela fé. A abertura ao Espírito Santo ajuda a pessoa a descobrir os obstáculos que impedem de atingir metas e objetivos, bem como os insights que o ajuda a tomar decisões na vida.

O que é Aconselhamento Pastoral e como é o seu funcionamento?

É um caminho, não o único que ajuda a pessoa a compreender sua vida e ser motivado (a) a viver a felicidade, sempre à luz da graça divina. É também um encontro a três (Deus, a pessoa orientada e o Conselheiro) que desejam conhecer a Vontade de Deus e viver uma vida plena no Espírito do Cristo Ressuscitado. O conselheiro dá as ferramentas. Há problemas que não têm soluções em si mesmos, por exemplo: a perda de um ente querido. O conselheiro ajudará a pessoa a compreender um novo significado a sua vida, descobrir o caminho aberto e seguir sua vida de cabeça erguida.
No aconselhamento a pessoa supera a ilusão de caminhar sozinha. Ela compreende que a dependência de Deus gera vida, como a árvore depende de Deus para produzir bons frutos.

O que não é Aconselhamento Pastoral?

Não é como GPS que dá ordens a todo o momento. Não há espaço no AP para dar respostas prontas. Também não é lugar de fazer terapia. Não é lugar de dar conselhos. Trata-se de espaço onde alguém que fez uma caminhada e conhece bem os riscos, as possibilidades para compreender os outros e os instruir no caminho da vida.

O conselheiro deve agir da seguinte maneira:

- Primeiro: ser guiado pela graça de Deus;
- Segundo: respeito ao outro: não é dirigismo. Reconhecer o outro como importante. Ele sabe também, mas de modo diferente.
- Terceiro: deverá estar atento aos sentimentos: não é aconselhável fazer a pessoa engolir o choro. Deixe chorar. O choro é uma bênção. Se ela está com raiva, pergunte o que está acontecendo, não diga para com isso, mas certifique a raiz da raiva, nem sempre é raiva ou ódio. Pergunte sempre.

Qualidades do conselheiro

- Deve ser humilde e ser pequeno, não apenas diante do bispo, mas de todos. Retirar a sandália, que o lugar é santo. Lembre-se que ele (a) é filho (a) de Deus.
- alguém que experimenta Deus em sua vida pessoal e conhece o caminho.
- prudência e docilidade: defenda as ovelhas de todos os males.
- ser eficiente e hábil, flexível, seja uma pessoa sorridente. Quando você sorrir a pessoa desarma e sabe que você está contente em atendê-la.
- ter o cheiro das ovelhas: o perfume é para os outros. Se o padre não tem o cheiro das ovelhas dificilmente elas irão procurá-lo. É preciso ter uma identificação com elas.
- Santidade: pessoa fortalecida: o conselheiro (a) é uma pessoa que transborda de si a graça divina. Ela dá o que sobra: “espiritualidade” e nunca ficará vazia, pois está sempre renovando esta graça. A caixa de água também explica este processo. Quanto mais água é distribuída, mas água nova permanece. Há sempre vinho bom nas talhas de quem faz a vontade de Deus.
- ser respeitoso diante de um coração ferido.
Obs.: Caso você perceber uma tristeza que se prolonga no tempo, procure saber se tem algo errado contigo. Como está a sua vida de oração?

Frutos do Aconselhamento Pastoral:

Você atinge não apenas a pessoa, mas a família e as pessoas ao redor de quem são atendidas. A pessoa compreende melhor sua identidade e sua missão. Ela descobre a alegria de viver, livre de condicionamentos e sentimentos que aprisiona e ofusca sua vida espiritual.
Quem pode ser atendido no AP?
Todas as pessoas, cada uma de acordo com sua individualidade, sexo, estado de vida, situação concreta de sua vida, faixa etária, ambiente em que vive, etc.

Importância do tempo:

Onde eu estou? Esta pergunta me faz retornar ao que sou, ao eu real. “O Agora é ótimo, se eu faço memória do passado e me lanço para frente” (...) “Um passado reconciliado, um presente bem vivido e um futuro esperançoso”. (Miriam C. Pedrini Siqueira).
A tríade do tempo: Urgente, o que não pode deixar para amanhã; Importante, o que é bom ser feito, mas não precisa ser realizado de modo imediato e Circunstancial, tudo o que pode ser feito de acordo com o tempo que sobra. A arte do aproveitamento do tempo é não fazer o que é circunstancial no lugar do Urgente.
Prazer e alegria de estar fazendo exatamente aquilo que é significativo. Não fazer por fazer, mas por amor: por vocação, cheio de entusiasmo. O ideal motivador é a certeza de que o Bom Deus nos dará como prêmio algo bem maior, não que as coisas do dia a dia devem estar carregadas de sofrimento. Como disse a Conselheira Miriam P. Siqueira; “Não é lá e nem aqui, é os dois ao mesmo tempo”.
Tempo de duração: não mais que meia hora. A pessoa se esgota demais em uma hora.

Disposições importantes:

Cada pessoa deve fazer o que o coração está pedindo. Dê permissão para você mesmo seja feliz. Diga: Eu quero isso! Muitas pessoas culpam a si mesmas pelo fracasso e acabam aplicando certas penas para si mesmas. Por exemplo: um pai que perdeu uma filha e resolve nunca mais tocar violão.
Dar permissão também para as pessoas serem felizes. Aqui está a importância do perdão. A pessoa muda. Não é a mesma, ou pelo menos necessita de mudanças. Uma tristeza que se prolonga não é um bom sinal.
Não acredite demais nas pessoas. Pode dar certo para elas, mas nem sempre dá certo para você. Às vezes não dá certo nem para a pessoa ou pode ter dado certo naquela época, pois as pessoas mudam.
Desafio maior é conhecer as pessoas, ir ao encontro delas, sobretudo as que são desconhecidas. Aprenda a conviver com o diferente, não tenha preconceitos. Esteja aberto. É preciso dar permissão a pessoa para que ela seja o que ela é. Ser outra pessoa é muito desgastante. É preciso ser uma pessoa de uma peça única.
Cada pessoa se comporta de uma maneira. Há pessoas que são mais Visuais: os racionais que veem mais, visão de águia. São mais discretos e não gostam muito de toque. Outras são Auditivas: ouvem bem. Os Sinestésicos desenvolvem melhor o tato. Gostam de serem tocadas. Finalmente, os Digitais: os que se dedicam as tecnologias.
Algumas perguntas podem ajudar iniciar um bom aconselhamento: O que você está pensando? O que você está sentindo? Você está satisfeito neste instante? Quanto por cento? São perguntas introdutórias que ajudam no Aconselhamento
Obs: não se pergunta a uma mulher questões de matemática. Quem sabe pergunte sobre as metas.
É normal que algumas pessoas têm dificuldades em falar de si mesmas. O primeiro passo é ajudá-las abrir seus corações para Deus. Leve a pessoa “a bater um papo” consigo mesma. O método das cadeiras vazias pode ajudar: Duas cadeiras. Você pergunta e depois mude de cadeira e responda.
Obs.: existem coisas que devemos guardar só para nós e para Deus, outras podemos contar para o conselheiro ou para os melhores amigos (janela de Johari).
Saber escutar: escutar é mais que ouvir. Ouvir o que não foi falado, ouvir os gestos, ruídos, respiração, silencio, gestos, a metade de uma palavra. O corpo fala. Ombros caídos, posição das mãos. Às vezes a pessoa escuta melhor de olhos fechados. Lembre-se que a comunicação não-verbal é bem maior. “Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”. Antes de você conquistar o outro, tire a sua maquiagem!

Gesto dos homens e mulheres

A mulher olha em diversos ângulos e o homem numa única direção; quando ela segura a bolsa pode expressar alguma insegurança. A pessoa que fica olhando para a porta, com um pé atrás ou enroscado na cadeira, de braços cruzados, tudo isso demonstra desconforto e insegurança. Colocar a cadeira mais perto significa: “ta difícil!”
Obs: Pode ser que o cruzamento de braço significa aconchego. O cumprimento de mãos foi inventado para ver se o homem está armado ou não.
Os passos: quando eles são firmes, demonstra que a pessoa está bem, segura de si mesma. Os Passos lentos ou os apressadinhos também têm seus significados.
As mãos no bolso é sinal de insegurança. As mulheres não mudam a cadeira de lugar.
A posição do corpo por parte do Conselheiro é importante para entrar em sintonia com as pessoas que está sendo atendida.
No final, se for oportuno, impor as mãos. Isso ajuda muito. Terminar o AP com uma oração.

Local de atendimento

Numa sala, com cadeiras simples. É bom que o conselheiro esteja no mesmo nível da pessoa. Não é aconselhável ter uma mesa, a menos que haja uma circunstância favorável para isso.

Pe. Gualter Pereira da Silva
Pároco de Campo Erê

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ENCONTRO PARA PAIS E PADRINHOS - PARÓQUIA SAGRADO CORAÇAO DE JESUS

Encontros para pais e padrinhos
- Paróquia Sagrado Coração de Jesus –
Campo Erê, São Bernardino, Saltinho e Santa Terezinha do Progresso – SC

1º Encontro: Batismo, sinal de conversão
“Quem crê e for batizado será salvo” (Mc 16,16).
1-Acolhida (canto)
Animador: Irmãos e irmãs, pais e padrinhos, bem-vindos a este primeiro encontro. Hoje vamos refletir sobre o sacramento do Batismo, numa perspectiva bíblica. “O Batismo é a fonte de vida nova em Cristo. Preparemos o nosso coração para acolher as graças de Deus e refletirmos sobre a presença de DEUS em nossa vida.

2-Oração inicial

Animador: Em nome do Pai...

Todos: Amém!

Animador: Rezemos a Oração ao Espírito Santo, pedindo a Deus que nos ajude a compreender o sentido de nossa vida:

Todos: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Animador: Oremos:
Todos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de suas consolações. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Ou Reze o Salmo 33

3-A Palavra de Deus

Animador: Receber o sacramento do Batismo é um processo de conversão. Vamos pegar a nossa bíblia e lermos com atenção a leitura do livro do profeta Ezequiel (Ez 36, 25-28).

(Logo após a leitura poderá fazer uma breve reflexão relembrando o que o texto diz para nós)

4. Para refletir e partilhar

Animador: Através do Batismo Deus nos acolhe como seus filhos prediletos.

Leitor 1: A história de Noé, no Antigo Testamento, relata que os justos são recompensados. Todas as criaturas que se moviam na terra, foram exterminadas. Noé e sua família foram salvos (Gn 7, 8).

Animador: A vida cristã é feita de acolhida, partilha e doação. Neste encontro vamos meditar sobre o grande mistério da atuação de Deus em nossa vida. Abraão nos ensina que Deus é Pai e que todos somos irmãos. Isto aconteceu há mais de 3800 anos atrás. Abraão recebeu a bênção de Deus e a promessa de ser Pai de muitas nações (Gn 17,4).

Todos: Acreditamos em Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Nesta mesma fé desejamos que nossos filhos e filhas sejam batizados.

Animador: Depois veio outro grande profeta:Moisés. Ele propôs uma aliança entre o Povo de Israel e Javé. “Se me obedecerem e observarem a minha aliança, vocês serão minha propriedade especial entre os povos, porque a terra toda pertence a mim. Vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19,5).

Leitor 2: Israel foi comparada com uma vinha. Deus esperava que produzisse uvas boas, mas ela produziu uvas azedas.

Leitor 3: “Não encontrando bons frutos, o dono da vinha arrancou a cerca para servir de pasto, derrubou os seus muros para ser pisada. O mato e os espinhos cresceram e, até mesmo a chuva não caiu sobre ela” (Is 5, 17).

Todos: O pecado é o distanciamento de Deus e de seu projeto de amor. Saibamos aproximar de Deus e de seu infinito amor.

Animador: O profeta Jeremias, no ano 620 antes de Cristo, apresentou uma nova aliança para o seu povo: “colocarei minha lei em seu peito e a escreverei em seu coração, eu serei o Deus deles e eles serão o meu povo. Ninguém mais precisará ensinar seu irmão, dizendo: procure conhecer o Senhor. Porque todos, grandes e pequenos, me conhecerão. Pois eu perdôo suas culpas e esqueço seus erros” (Jr 31, 33-34).

Animador: Deus enviou os profetas para falar em seu nome. O profeta Ezequiel nos ensina que é necessário abrir nossos corações e nossas mentes para ouvirmos a Palavra de Deus.

Todos: Queremos ouvir o que o Senhor tem a nos dizer.

Leitor 1: O mundo está cheio de falsidade. Muitas vezes as preocupações, as angústias e incertezas dominam nossa vida. Nesta hora, lançamos um grito a Deus: Senhor, venha em nosso auxílio, socorrei-nos sem demora.

Leitor 2: Inspirado por Deus, o profeta Ezequiel dá garantia de que Deus ouve a nossa voz. Ele mesmo vem ao nosso encontro para perdoar nossas dívidas.

Todos: Vem, Senhor Deus de bondade. Cancela nossas culpas e nos dê um novo coração.

Leitor3: Pais e padrinhos são convidados a mergulhar nas águas do batismo que representam a conversão e o firme propósito de se libertar do mal, renunciar o pecado e a receber de Deus um novo coração.

Leitor2: Deus disse pela boca do profeta Ezequiel: “Eu vos darei um novo coração e um novo espírito” (Ez 36, 26ss). Portanto, é o nosso dever acolher os mandamentos de Deus e viver unidos no amor de Deus em comunidade.

Leitor 2: João Batista pregou o Batismo de conversão. Ele foi o precursor da Nova e Eterna Aliança em Cristo. Promoveu a partilha dos bens entre os mais necessitados, a justiça em relação às pessoas e o trabalho digno. João Batista é modelo de conversão.

Leitor 1: Disse João Batista: “Agora eu batizo com água; mas já vem quem é mais forte que eu, a quem eu não sou digno de desatar as correias de suas sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3, 16). É com o fogo do amor de Deus que seremos libertados de todo o pecado.

Leitor 3: “Quem não nascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5). Abramos os nossos corações para recebermos a graça e a verdade, garantia de nossa transformação interior.
Todos: Queremos viver a partilha e o amor, sobretudo em relação aos nossos irmãos mais necessitados.

Leitor 1: “Pelo Batismo fomos sepultados com Cristo em sua morte, para que, como Ele ressuscitou dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6,4).

Todos: Pelo Batismo, Deus nos libertou do pecado e nos fez renascer da água e do Espírito Santo.

Leitor 2: Não estamos mais no regime da Lei, mas do Espírito Santo, dom de Deus. Disse Jesus à Samaritana: “Quem beber da água que eu lhe der jamais terá sede, pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4,14).

Animador: Ser cristão é assumir o compromisso de transformação de nosso coração e de nossa mente, tendo a Palavra de Deus como fonte principal.

Leitor 3: Disse Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10). O que agrada a Deus em primeiro lugar é a nossa conversão. É preciso afastar de todo o tipo de mal para sermos bons cristãos.

Todos: Quem é batizado recebe um novo coração e um novo espírito.

5- Os sete Sacramentos
Animador: Os sacramentos são sinais de Deus que chegam até nós. Os principais acontecimentos de nossa vida são coroados com momentos celebrativos. Nestes encontros a comunidade se reúne para celebrar a fé em Deus que abençoa e nos acompanha com suas bênçãos e seus dons.

Leitor 1: Os sacramentos estão na origem de nossa vida, em nosso crescimento, nossa transformação interior e em nossa missão. Disse Jesus: “quem crê e for batizado será salvo!” (Mc 16,16) Disse também: “quem não nascer do alto não pode entrar no reino de Deus”. Ele deu o poder aos apóstolos de perdoarem os pecados, disse que era o Pão da vida e pediu que os discípulos celebrassem em sua memória o Santo Sacrifício, valorizou o matrimônio como uma união estável e duradoura e pediu que cuidasse com carinho dos enfermos. Elogiou quem é capaz de viver completamente para Deus através de uma vida celibatária, realizou muitos sinais e enviou os apóstolos a dar continuidade à sua missão.
Leitor 2: No Batismo somos incorporados numa nova realidade. Trata-se de uma participação ativa e consciente na vida da Igreja como membro do Corpo de Cristo. Jesus nos dá a água viva que jorra para a vida eterna. É preciso renascer da água e do Espírito Santo para entrar no reino de Deus.
Leitor3: A confirmação é o encontro com Deus, por meio de seu Santo Espírito, a fim de que haja uma renovação. Os crismandos são chamados a ser testemunhas de Cristo por meio do mesmo Espírito de amor. Este sacramento também é conhecido como o sacramento da maturidade cristã.
Todos: Oremos a fim de que o Espírito de amor renove a nossa vida com seus dons e orienta nossa caminhada e nos dá a alegria de vivermos em comunidade.
Leitor 1: Outro sacramento é a Reconciliação. Depois do batismo, os fiéis celebram o dom da cura e da libertação dos pecados cometidos por meio da oração, auxiliado pelo sacerdote que é o ministro da reconciliação. O sacerdote representa a Igreja. Ao dar a absolvição, o próprio Deus liberta o pecador e o reconduz à comunhão com Ele e com toda a Igreja.
Leitor2: Ao receber a Eucaristia entramos em comunhão com Deus. Ele alimenta nossa alma e aquece o nosso coração com sua ternura e com o seu amor. Comungar o Corpo de Cristo é viver unidos em seu amor, respeitanto os irmãos e sendo justo para com todos.
Leitor 3: O sacramento da Unção dos Enfermos é uma bênção de Deus para quem está doente. Deus não abandona seus filhos nos momentos de provação. “Se as águas do mar da vida te afogar, segura na mão de Deus”. No sofrimento encontramos com Deus que nos consola e nos dá força para vencermos a doença e superarmos nossas fraquezas.
Todos: quem recebe o batismo está livre da mancha do pecado original, ou seja, do pecado das origens. A criança é marcada com o selo de Deus e é consagrada ao Senhor como filho, filha de Deus.
Leitor 1: O matrimônio é um sacramento de amor. Vivemos não para nós mesmos, mas para os outros. A missão do matrimônio tira o ser humano do egoísmo. Assim também acontece com quem recebeu o sacramento da Ordem. Ser padre é servir os irmãos no caminho da santidade.
Animador: Saibamos, irmãos e irmãs, a colocar em prática os mandamentos de Deus e a viver os sacramentos celebrando-os em nossa vida. Não é possível dar um bom testemunho aos nossos filhos e afilhados se não participamos da Igreja.
7. Para guardar na cabeça e viver no coração

Animador: Ao refletir os sacramentos, vamos juntos fazer um esforço para vivermos mais unidos a Deus, sabendo que a nossa participação na comunidade nos dará nova dignidade de sermos filhos e filha de Deus. “Não ter tempo para Deus é uma perda de tempo”!

8. Oração final

Animador: Finalizando nosso encontro, rezemos confiantes e com amor a oração que Jesus, Nosso Senhor e Salvador, nos ensinou: Pai Nosso... Ave Maria...
Obs.: Lembrar o dia e a hora do próximo encontro e alguma iniciativa que pode ser proposta para pais e padrinhos.











2º Encontro: Batismo, ingresso na comunidade
“Para que haja um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16)
1. Acolhida (canto)
Animador: Sejam todos bem-vindos a este segundo encontro em preparação para o Batismo. Hoje vamos refletir sobre a alegria de pertencermos à Igreja Católica.

2. Oração Inicial

Animador: Em nome do Pai...

Todos: Amém!

Animador: Rezemos a Oração ao Espírito Santo, pedindo a Deus que nos ajude a compreender o sentido de nosso Batismo:

Todos: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Animador: Oremos:
Todos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de suas consolações. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Ou Salmo 23 (22)

3. A Palavra de Deus

Animador: Somos membros de uma comunidade viva. Cristo é a Cabeça deste Corpo que chamamos de Igreja. Vamos pegar a nossa bíblia e lermos com atenção a leitura da carta de São Paulo aos coríntios.

Ler e meditar 1Cor 12 4-11

(Logo após a leitura poderá fazer uma breve reflexão relembrando o que o texto diz para nós)

4. Para meditar e partilhar

Leitor 1: A Igreja é a comunidade reunida em torno de Jesus Cristo. Ser Igreja é ser discípulo de Jesus. Em Cristo somos batizados num só Espírito para sermos um só Corpo (1Cor 12, 13).
Leitor 2: A Comunidade é um espaço onde se prolonga nossa experiência de vida cristã iniciada na família. Disse Jesus: “Não fostes vós que me escolheres, mas fui eu quem vos escolhi para irdes e para produzir muitos e bons frutos” (Jo 15,16). Unidos em Cristo formamos uma nova família com laços de amor fraternos. Como é bom fazermos novas amizades e termos objetivos em comum!
Todos: O verdadeiro sentido da vida cristã é viver em comunhão com Cristo, unidos ao Pai, por meio de seu Santo Espírito.

Leitor3: Quem está integrado na comunidade, participando dos grupos de reflexão ou algum apostolado, sente a alegria nascer e crescer no coração. A paróquia é um espaço onde se vive o amor fraterno, o serviço, a cooperação e o anúncio da Boa Nova.

Animador: Somos o Novo Povo de Deus, “povo escolhido, linhagem real, nação santa, povo adquirido para apregoar os grandes feitos d`Aquele que vos chamou das trevas à luz admirável” (1Pd 2,9).

Leitor1: Quanto mais experimentamos o amor de Deus por meio da Palavra, quanto mais ouvimos a voz de Jesus como o único pastor e salvador, mais descobrimos o sentido de nossa vida.

Animador: Na comunidade cristã, muitos são chamados a serem Ministros da Palavra, da Eucaristia, ministros do matrimônio e do casamento; catequistas ou agentes de pastoral, membros de associações ou movimentos eclesiais.

Leitor 2: Além de sermos discípulos de Jesus, somos convidados a criar unidade, professando a fé em Deus e vivendo por meio da oração e contato com a Palavra a vontade de Deus.

Todos: A dignidade do cristão é viver a unidade, sendo luz para o irmão. “Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor, quem me segue terá a luz da vida, disse Jesus (Jo 8, 12).

Leitor 3: Na Igreja não existe falta de emprego. As pessoas que têm o dom da palavra são chamadas a serem ministros e ministras, pregadores e evangelizadores nos diversos grupos de serviços, celebrações, movimentos e pastorais.

Leitor1: O cristão é chamado a ser luz do mundo. Sua missão é orar pela santificação das pessoas, das famílias e agir de forma consciente em prol da evangelização. Todas as iniciativas são bem-vindas: encontros, retiros, meditação da Palavra, palestras etc.

Todos: Disse Jesus: “Eu sou a videira e o meu Pai é o agricultor. Todo o ramo que em mim não produz fruto, ele o corta, e todo o ramo que produz fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15, 1-2).

Leitor 2: A Igreja da qual fazemos parte tem como Papa N... Ele é o sucessor de Pedro. Nossa diocese tem como Bispo e Pastor N... O Nosso Pároco N... e o nosso Vigário N...

Leitor 3: Temos também os Diáconos, os Religiosos e Religiosas, os leigos e leigas consagradas, os doutores e mestres, os teólogos, os catequistas e as catequistas, os missionários e missionárias.

5. Pastorais e Movimentos Eclesiais

Animador: Nossa comunidade pode ser comparada com uma grande vinha. Deus é o proprietário e nós, os trabalhadores. Uns preparam o terreno, retirando as ervas daninhas, outros plantam. Na colheita, aparecem os que colhem e, finalmente, os que fazem da uva o vinho da alegria.

Leitor 2: A Pastoral da Criança auxilia as mães a cuidarem bem de seus filhos, desde a gestação, o aleitamento materno, a nutrição e catequese familiar. Quem acolhe uma criança em nome de Jesus é o próprio Deus que estamos acolhendo.

Leitor 3: A Pastoral familiar é formada por um grupo de leigos que assume a missão de evangelizar a família através de encontros de reflexão. É também missão desta pastoral acompanhar as famílias e jovens para viver em comunhão com Deus, através do sacramento do Matrimônio. Os valores da família deverão ser promovidos, tais como o respeito, a compreensão e o serviço.

Todos: Os agentes da Pastoral do Batismo auxiliam pais e padrinhos na valorização do Batismo, sendo pedras vivas na construção do Reino de Deus. Cabe a eles acolher os filhos das famílias cristãs e todos os que querem aderir à comunidade eclesial.

Animador: Os Catequistas são responsáveis pela evangelização das crianças, adolescentes, jovens e adultos, a fim de que eles sejam instruídos na doutrina cristã.
Todos: A Lareira ajuda os casais a viverem bem a sua missão em família, participando da obra de evangelização na comunidade.

Leitor 1: De que modo podemos participar de nossa comunidade? Quais são os eventos de evangelização promovidos em nossa comunidade paroquial?

Leitor2: Os membros da capelinha despertam os jovens e adolescentes para uma vocação específica na comunidade, por meio da oração. As famílias que recebem a imagem de Nossa Senhora são convidadas a rezarem pelas vocações sacerdotais e religiosas, bem como as necessidades da comunidade.

Leitor3: A Pastoral do Dízimo conscientiza a comunidade sobre o valor da partilha e da solidariedade com a Igreja e com os pobres na doação mensal do dízimo.

Todos: Contribuir com o dízimo é sentir-se co-responsável por tudo o que diz respeito a Deus e à Igreja. O dízimo nos liberta do egoísmo. Não é simplesmente uma taxa, mas um investimento que eu faço para minha comunidade crescer sempre mais.

Leitor 2: A Pastoral da Liturgia tem como missão preparar com carinho as celebrações eucarísticas, despertando em cada participante o desejo de entender melhor a Palavra de Deus. Os cantos, os gestos, as procissões de entrada, as leituras bem proclamadas, tudo isso ajuda o povo a celebrar de modo frutuoso a Palavra de Deus e a Eucaristia.

Todos: Os ministros da Palavra e da Eucaristia são escolhidos para levar o Pão eucarístico aos doentes, celebrar os cultos eucarísticos e auxiliar o sacerdote nas celebrações.

Leitor1: Os jovens que fazem parte do JJ, (Jornada da Juventude) realizam na comunidade um bonito trabalho em prol da evangelização da juventude.

Leitor 1: Os membros dos diversos conselhos paroquiais, nas diversas comunidades, ajudam a organizar a comunidade cuidando das estruturas, tais como: a capela, o pavilhão e tudo o que é do interesse da comunidade.

Leitor 2: Outros são chamados a trabalhar em pastorais específicas, como a Pastoral da Esperança que conforta os que perderam seus entes queridos, rezando com eles e sendo solidários na hora da separação.

Leitor 3: A Paróquia é uma Comunidade de comunidades. Nela seus membros tomam decisões pastorais para ajudar as pessoas a crescerem na fé, vencer os desafios e promover a fraternidade, o respeito e a santificação de todos.

Todos: Todas as pastorais e movimentos eclesiais estão ligados a Cristo como Administrador da vinha, representados pelos sacerdotes da comunidade e supervisionada pelo Bispo diocesano.

Animador: São muitas as pastorais, os movimentos e as associações. Alguém se lembra de alguma pastoral ou movimento que não foi falado nesse encontro?

6- Para Aprofundar

Leitor 1: Todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus somos membros de um único Corpo. Somos também iluminados pelo mesmo Espírito Santo. Cristo se faz presente em sua Igreja, até o fim dos tempos, por isso, nossa fé deve ser celebrada em comunidade, na esperança da ressurreição final.

Animador: Peçamos ao Senhor que nos abençoe e nos ilumine, a fim de que a nossa fé seja fortalecida e possamos viver em comunhão com Ele por meio da caridade fraterna e da comunhão sacramental.

6. Nossa resposta de fé

Leitor 1: De que modo poderemos estar mais íntimos de Deus? De que maneira poderemos colocar os nossos talentos à disposição da comunidade?

Todos: A comunidade cristã é essencialmente missionária. Quanto mais conhecemos a Palavra de Deus, mais aumenta a possibilidade de construir um mundo irmão.

Leitor 2: Para sermos autênticos cristãos o caminho certo é o contato com a Palavra de Deus, a disposição em ouvir a voz de Deus por meio da oração e a prática da caridade. Deixemos de lado tudo o que nos impedem de vivermos unidos e sejamos motivados a viver nesta comunidade onde todos são irmãos.

7. Para guardar na cabeça e viver no coração

Animador: Participar de algum movimento ou pastoral é colocar em prática o grande sonho de Jesus Cristo: “Que todos sejam um como Tu, Pai, estás em mim, e eu em Ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo 17, 21). Cada membro deste corpo tem uma missão específica. “Quando a gente participa da comunidade crescemos em todos os sentidos”. Sejamos verdadeiramente uma comunidade de irmãos, que se reúne para ser sinal de salvação, de amor, justiça e perdão.

8. Oração Final

Todos: Senhor, fazei que sustentados por vossa graça e pela intercessão materna de Nossa Senhora, assumamos nossos deveres de pais e padrinhos, participando da construção de uma sociedade justa e fraterna, sinal do reino definitivo de nosso Deus. Amém.

Animador: Finalizando o nosso encontro, rezemos um Pai Nosso e uma Ave Maria.

Obs.: Lembrar o dia e a hora do próximo encontro e alguma iniciativa que pode ser proposta para pais e padrinhos.














3º Encontro: Amar a Deus e ao próximo
“A plenitude da lei é o amor”
1. Acolhida (canto)

Animador: Caros pais e padrinhos, o Batismo é o sacramento que nos introduz na grande família cristã. Por ele somos lavados de toda a culpa, somos chamados a viver em comunhão de amor com Deus, construindo um mundo mais justo e fraterno.

2. Oração Inicial

Animador: Em nome do Pai...

Todos: Amém!

Animador: Rezemos a Oração ao Espírito Santo, pedindo a Deus que nos ajude a compreender o sentido de nosso Batismo:

Todos: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Animador: Oremos:
Todos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de suas consolações. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.
Ou Salmo 26
1. A Palavra de Deus

Animador: Hoje vamos meditar sobre o amor de Deus e também sobre os Dez mandamentos da Lei de Deus. Vamos pegar a nossa bíblia e lermos com atenção a leitura da primeira carta de São João:
Ler e comentar 1J0 4,7-16
2. Para refletir e partilhar

Animador: Vivemos num mundo onde muitas pessoas vivem apegadas aos bens materiais, aos prazeres da carne. O pecado do homem moderno é viver na periferia da vida humana, deixando de lado a dimensão espiritual.
Leitor 1: Existem três modos de amar. O primeiro deles é o desejo de possuir, um amor egoísta e interesseiro. O segundo é a partilha dos bens, amor que gera fraternidade. E o terceiro é o amor doação. Doar a si mesmo e partilhar os bens sem querer receber recompensa.
Todos: Amar e servir são as virtudes que mais agradam a Deus.
Leitor 2: O amor é paciente, não é invejoso, não é presunçoso nem incha de orgulho; não faz nada de inconveniente, não é interesseiro, não se irrita, não leva em conta o mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo (1Cor 13, 4-7).
Todos: Deus nos amou tanto que nos deu seu Filho único, para que tenhamos a vida por meio dele.
Leitor 3: Deus nos amou primeiro. Tudo o que somos e o que temos é dom de Deus. No Batismo não somos nós que escolhemos a Deus, mas é Ele que nos escolhe para sermos os seus filhos adotivos.
Animador: A fé em Deus leva-nos a voltar só para Ele como nossa origem e nosso fim último, e a nada preferir a Ele nem substituí-lo por nada (Catecismo da Igreja Católica n. 229).

Leitor 1: Deus não pode não amar. Amando, Ele nos ensina que o amor é a plenitude da Lei. O amor ao próximo é a melhor maneira de construirmos um mundo de paz. “Não podemos pagar o mal com o mal”, ao contrário, devemos amar sempre e sem distinção.
Leitor 2: Nascemos para amar. Se deixarmos de amar perdemos a nossa própria identidade, pois, o amor de Deus é que nos mantêm vivos. Se excluirmos o amor de Deus em nossa vida, perdemos até mesmo o sentido de viver.

Leitor 3: Devemos amar a Deus e ao próximo não por medo da condenação, mas porque Deus nos ama a cada momento e, amando a Deus somos mais fortes e felizes.
Todos: O amor não tem limites. Viver o amor em plenitude significa perdoar sempre, não guardar rancor em nossos corações.

Leitor 1: Amar é diferente de gostar. Amar, no sentido bíblico é doação, respeito, enquanto que gostar é um sentimento interesseiro. Os pais amam os seus filhos por meio de gestos concretos: ensinando-os co caminho do bem, do respeito e do amor mútuo.
Leitor 2: Disse Jesus a seus discípulos: “Permanecei em meu amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15, 9-10). Quem não ama, vive nas trevas do pecado. Os mandamentos da Lei de Deus nos orientam a amar os nossos irmãos e o próprio Deus com gestos concretos de partilha e doação.

Todos: Ser católico é crer, celebrar e viver o amor de Deus em comunidade.

Leitor 3: Precisamos uns dos outros. Na Igreja cada membro é chamado a exercer uma missão. Na família, pais e filhos procuram construir a paz e a harmonia. A missão da família no mundo moderno é educar para o amor.

5. Para aprofundar
Animador: São Francisco de Sales nos ensina que o amor é muito mais que dar esmola aos pobres, freqüentar os sacramentos ou participar da comunidade. O amor é um ato de fé e de esperança que se realiza no dia a dia, em cada gesto de acolhida, de perdão, de serviço oferecido a Deus e aos irmãos.

Leitor 1: Deus é amor. Somente depois de vivermos em comunhão com Deus podemos amar de forma autêntica os nossos irmãos.

Leitor 2: Amar é construir o Reino de Deus, através de atitudes concretas de acolhida e obediência ao projeto de Deus. Amar significa servir o irmão, a irmã, reconhecendo-os como filhos e filhas de Deus.

Leitor 3: Como dizia São João: “Caríssimos, amemo-nos mutuamente, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama é gerado por Deus e conhece a Deus. Quem não ama não aprendeu a conhecer a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4, 7-8).

Animador: Amar como Jesus amou é ser obediente à vontade do Pai, renunciando a si mesmo, os bens materiais e as seduções do maligno. Somos templos do amor de Deus, templos do Espírito de Deus. Quem liberta de seu egoísmo terá condições de amar os irmãos.

6. Os Dez Mandamentos da Lei de Deus

Animador: O Batismo é o sacramento do amor. A exigência principal de quem batiza é seguir fielmente a doutrina cristã. Disse Jesus na véspera de sua paixão: “Eu vos dou um novo mandamento: amar-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35).

Leitor 1: O primeiro mandamento da Lei de Deus é: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5-9).
Leitor 2: O bom cristão deve estar atento e perguntar a si mesmo: tenho deixado de rezar as orações diárias por preguiça? Tenho tido vergonha de minha religião? Tenho participado de cultos não-cristãos?
Todos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como Jesus amou é a síntese de toda a Sagrada Escritura.

Leitor 3: Eis o segundo mandamento: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela Terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém porque é a cidade do grande Rei. Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto” (Mt 5,33-36).
Animador: Quanto ao terceiro mandamento, aqui estão novos questionamentos: será que participamos dignamente das celebrações dominicais? Algumas vezes deixamos de ir à Missa por qualquer motivo? Temos trabalhado aos domingos freqüentemente e sem necessidade?
Leitor 2: Honrar pai e mãe é dever de cada cristão. Temos tratados nossos pais com a devida estima, sendo gratos por tudo de bom que eles nos fizeram?
Animador: Temos odiado os nossos irmãos? Ou temos dado mau exemplo para os nossos filhos? Temos insultado os outros? Disse Jesus: “todo aquele que tratar o seu irmão com raiva será acusado perante o tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ será acusado perante o Sinédrio, quem chamar seu irmão de ‘louco’ será condenado ao fogo do inferno” (Mt 5,22).
Leitor 1: Como vivemos a nossa castidade? Devemos ser puros de coração, de mente e de vontade. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Eis aqui o sexto mandamento.
Animador: O sétimo mandamento é não furtar. Será que temos sido sinceros na administração de nossos bens e também dos bens alheios? Temos causado prejuízo aos outros não pagando nossas dívidas e impostos? O dinheiro alheio em nosso bolso queima como fogo. Os bens emprestados devem ser devolvidos o quanto antes.
Leitor 2: Temos prejudicado os outros com mentiras? Temos falado mal dos outros, julgando-os maldosamente? Falar mal dos outros é destruir a amizade e promover a divisão.
Leitor 3: Não cometer adultério é o sexto mandamento. Disse Jesus: Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração (Mt 5, 27). O adultério e as separações não são obras de Deus.
Leitor 2: Não cobiçar as coisas alheias é sinal de respeito e de amor para com os nossos irmãos. Não adianta ficar com inveja do outro porque ele tem isto ou aquilo. O mais importante é o nosso caráter e a nossa dignidade de viver bem com o que Deus nos permitiu adquirir com nossa própria capacidade.
Animador: Vamos ler juntos os Dez Mandamentos:

Todos: 1. Amar a Deus sobre todas as coisas; 2. Não tomar o seu santo Nome em vão; 3. Guardar os domingos e festas; 4. Honrar pai e mãe; 5. Não matar; 6. Não pecar contra a castidade; 7. Não furtar; 8. Não levantar falso testemunho; 9. Não desejar a mulher do próximo; 10. Não cobiçar as coisas alheias.
7. Nossa resposta de fé
Animador: Para sermos dignos cristãos devemos renunciar aos vícios, superar todo o tipo de comodismo. Nossa missão é construir uma nova humanidade, praticando sempre o bem, a ternura, a mansidão e o respeito.
Leitor 2: Quem participa da comunidade cristã tem mais condições de viver a caridade fraterna, a partilha e o amor. Quem rejeita a comunidade cristã para viver uma fé isolada, rejeita o Pai misericordioso, rompe a comunhão com Deus e com os irmãos.
Todos: A alegria do cristão é ajudar o irmão, amando uns aos outros como o Senhor nos ensinou.

Leitor 1: O bom cristão tem consciência de ser luz do mundo e sal da terra. Sua missão é iluminar o mundo com sua presença. Ser cristão é acender a chama do amor de Deus em nossa família e comunidade. O bom cristão sabe que o segredo da felicidade é praticar o amor de Deus.
Todos: Ser batizado é renunciar a vida de pecado, é seguir Jesus Cristo e ser solidário em todo o tempo e lugar.

8. Para guardar na cabeça e no coração
Animador: O cristão católico é chamado a viver uma “vida nova”. É Jesus quem caminha conosco e nos convida a viver na comunidade como verdadeiros irmãos e irmãs.
Leitor2: Os pais e padrinhos deverão recordar com alegria os momentos mais felizes de suas vidas, em companhia com o Senhor. Deus nos reúne em família para vivermos unidos em seu amor. Toda a comunidade se alegra com a participação de todos. Sejam bem-vindos às celebrações de nossa comunidade paroquial.
Animador: O cristão católico é chamado a testemunhar no mundo a força da vida em Cristo, colaborando para construir o mundo à imagem do Reino de Deus, na justiça, na fraternidade e na paz.
Todos: Finalmente, ser batizado é viver comprometido com o projeto de Deus. Cada membro da comunidade é convidado a compreender a sua identidade e missão: dominar os próprios impulsos, a serviço da humanidade com amor e dedicação.
9. Oração Final

Animador: Finalizando nosso último encontro, rezaremos uma oração espontânea, recordando os temas que foram refletidos durante os encontros.
Obs.: Entregar para pais e padrinhos o certificado de participação nos encontros preparatórios e orientar a respeito da celebração do Batismo.

Apostila elaborada por Pe Gualter Pereira da Silva

Pároco

sábado, 21 de março de 2015

TEMAS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

TEMAS FUNDAMENTAIS DE TEOLOGIA ESPIRITUAL

INTRODUÇÃO

O que se entende por Teologia Espiritual? Podemos dizer que espiritualidade é um modo de viver. Encarnado na história em continua renovação.
Teologia e Espiritualidade tem uma relação estreita que não podemos separar, mas não são a mesma coisa. A espiritualidade é fonte que alimenta a vida da pessoa. É a construção científica no desenvolvimento cristão.
A denominação Teologia Espiritual é recente e indica o desenvolvimento da vida espiritual do cristão. Tem algo a ver com a história e a transformação da própria teologia, com a mudança cultural e com o progresso das outras ciências. Se não existisse a Espiritualidade não entenderíamos a ação do Espírito.
A teologia Espiritual é a prática do que o Espírito Santo opera no cristão. É também fundamentalmente antropologia. O estilo de vida se torna uma fonte para a nossa ação no cotidiano de nossa existência.

NA PRIMEIRA PARTE: NATUREZA DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

Na história nós encontramos mestres que não escreveram teologia, mas contam a sua vida espiritual: Santa Teresa de Jesus, São Francisco de Assis … seu testemunho se torna fonte da teologia espiritual.
O que se pensa quando se fala de teologia espiritual como ciência?
O tema tem uma relação estreita com a Bíblia, mas o nosso agir se da na medida em que eu me conheço e sei responder a pergunta: quem sou eu? Isso tudo para que minhas escolhas estejam de acordo com o que eu sou.

Como podemos dizer se uma ação é ou não boa?

É a partir de quem sou eu? Quando falamos do sujeito humano não é só o homem — um ser espiritual, consciência… mas com os elementos da ciência teológica, toda a verdade sobre o homem.
Quem é a verdade sobre o homem? Qual é a fonte da compreensão?

A fonte da compreensão é o nosso fim último — causa das causas — razão das razões.
Qual é o fim essencial do homem?

É a união que se da entre pessoas. A união nasce e se constrói no diálogo. A comunhão colocada a serviço da união. Por isso que a ciência e a fé se completam quando verdadeiras. A salvação é alcançada quando chegamos ao fim. O fim do ser humano faz parte da criação e não tem neste mundo a plenitude, mas na sobrenaturalidade.

Quando eu dou significado a meu ser?

Na medida que me aproximo do fim. Neste caminho para o fim, Deus não nos condena por nossos atos mas quer a nossa Salvação. Nosso destino depende de nossa escolha. Assim podemos sentir que não podemos fazer um discurso teológico sem a antropologia. A antropologia é fundamental para a teologia. É o discurso da revelação.
Teologia Espiritual tem uma história atribulada. Era como que uma Lecio Divina.
Ao longo da história o que marcou foi a teologia Moral (dar consistência científica), teologia Dogmática (aspectos críticos da teologia).
Na espiritualidade foram surgindo questões devocionais, como os movimentos místicos, sentindo-se a necessidade de dar um a estes um fundamento mais teológico. Quando se fala em Teologia se entende que ela tem vários ramos. Entre eles existe uma integração. A teologia é uma árvore com vários ramos. É claro que como as demais teologias a espiritual também se baseia sobre o alicerce da fé. Mas encontra sentido quando cientificamente a tratamos com seus aspectos antropológicos.
Diante do efervescer espiritual hoje, necessitamos do psicológico para dar um equilíbrio na vida.

Definição de Teologia Espiritual

É o desenvolvimento da vida cristã como caminho verso a união pessoal com Deus. (São João da Cruz).
A união com Deus como senso da vida, na pertença recíproca. Ser um no outro é um degrau maior do que para o outro. Deus te pertence como senso de tua vida.

NA SEGUNDA PARTE: O HOMEM CHAMADO A UNIÃO COM DEUS

Partimos do texto de Ef 1,4: “Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito dente dele, no amor”.
Porque o homem é chamado a estar com Deus? Porque a união é a base de tudo na construção. Não podemos alcançar a união com Deus se já não estivéssemos nele.
Basta olhar para Gaudium et Spes: 6, quando trata da questão das mudanças sociais por que passa o nosso mundo. A consciência é o sacrário onde o homem se encontra com Deus. Podemos pensar em Deus porque Deus esta em nós. Mas este se desenvolve a cada dia, não no sentido de conquistar, mas de desenvolver, dar forma, visibilidade do que já esta em nós.
“O principio não pode ser diferente que o fim” (Santo Tomás)
Qual é a realização da semente? É a árvore. Por isso que o nosso compromisso é levar adiante o caminho da unidade. Deus quer a união com o homem. Muitas vezes a nossa resposta é pecado. Ele esta na existência do homem. Pecado é construir-se foram de nossa realidade ontológica.

NA TERCEIRA PARTE: A ATIVIDADE DO ESPÍRITO SANTO NO CRISTÃO

Neste capítulo refletiremos o protagonista do desenvolvimento da vida e da graça do cristão: o Espírito Santo. Este é um campo amplo de reflexão. Por isso que o nosso ponto de partida e o projeto de Deus.
Evidenciaremos aqui a ação do Espírito Santo na história da Salvação dos cristãos. Lembramos que o Espírito é o que nos leva a confrontação do cristão com Cristo mediante o dinamismo da fé, esperança e caridade. Outro passo é perceber que o Espírito Santo modelo do cristão demora-se no comportamento do cristão em referimento ao Espírito Santo enquanto pessoa. E por fim o homem espiritual.

NA QUARTA PARTE: A SANTIDADE CRISTÃ

A santidade também deve ser desenvolvida e não conquistada. Não podemos alcançar a santidade se não já formos santos.
O chamado é a causa da existência. O chamado Divino é a causa do meu existir. Ele me elegeu antes da criação do mundo e também da nossa existência — para sermos santos e imaculados. Não no senso moral, mas para que tudo possa ser como Ele. Daí o porque, santos e imaculados.
A eleição é o ser como Deus. O que distingue o ser humano é o fato do chamado. O chamado é para a eternidade.

Cada um de nós é eleito antes da criação do mundo. Existimos por eleição que no fundo quer dizer amados. E esta é a causa fundamental: sermos amados. O homem chamado é colocado na união com Deus. Também o corpo participa da total ressurreição.
Quem é a plenitude de Deus? É a Trindade. O fundamento de tudo é a unidade. Este uno que se expressas no diverso. Entendemos aqui tudo. Quando se fala de tudo se fala de complementaridade.

O protagonismo humano e espiritual, como teologia necessita da revelação. O progresso do homem necessita também dos aspectos teológicos. Por isso o caminho do ser humano deve ser feito com responsabilidade. O aspecto acético pensa que a vida espiritual é só isso. O que é fundamental é que na penitência tem muita gratificação. É necessário um equilíbrio na vida espiritual. O que necessitamos é colocar tudo na centralidade de Cristo como pessoa.

O evangelho não é uma escola de Moral. Cristo não é um ensinante de moral, mas de vida. Mais que copiar Cristo é pertencer a Ele. O evento Jesus Cristo não é uma doutrina, mas uma pessoa. Por isso que o cristianismo não é uma doutrina, mas uma pessoa. Vida cristã e não moral cristã. O ser humano é um chamado. Nós existimos porque fomos chamados. Não nos fizemos.
A importância da Espiritualidade da encarnação dos elementos essenciais e eternos.
Os santos: Catarina, Francisco de Assis etc… o contexto histórico é importante par crescer. A santidade é o fim do ser humano.


NATUREZA DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

O nosso fim é entrar em contato com os acontecimentos que determinaram a história da Teologia da Espiritualidade.
CAPITULO I ECLIPSE E RENASCIMENTO DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

A denominação Teologia Espiritual é recente e indica o desenvolvimento da vida espiritual do cristão. Tem algo a ver com a história e a transformação da própria teologia, com a mudança cultural e com o progresso das outras ciência.


1. Perda de interesse pelo dado da experiência cristã: da teologia à teologia.

Surge por volta de 1920-1930. Antes das escolas teológicas existia a teologia e não as teologias. Era a teologia cultivada nos mosteiros e nas abadias; por isso caracterizadas pelo aspecto sapiencial. Mais uma forma de meditação e de contemplação e não havia necessidade de ulteriores divisões.
As mudanças culturas exigiram da Teologia uma apresentação critica da mensagem cristã. Os padres queriam algo que lhes ajudassem no exercício da pastoral. Surge a divisão da teologia: Dogmática (Estudava os dados revelados da fé) e moral (ajuda aos pastores na condução das pessoas a eles confiadas. O interesse por uma apresentação critica da fé objetiva levando consigo um esfriamento do interesse em relação ao aspecto subjetivo da fé e em relação ao dado da experiência da vida cristã).

No século XII e XIII, foi levado em conta só os aspectos objetivos da fé cristã, descuidando-se quase dos aspectos da vida e da apropriação da fé. Era apenas necessário justificar a fé. Mais tarde, entram em dialética os próprios mestres entre si — Boaventura e Tomás. Preferiam a ciência à experiência.
O desenvolvimento da teologia como ciência — esfriou o aspecto da revelação bíblica — tornando-a mais racionalista e filosófica. Passa-se a valorizar o aspecto objetivo e constitutivo da vida cristã. O dado experimental da vida de fé dos cristãos tinha pouco valor. Ficou assim introduzido o divorcio entre teologia e espiritualidade.

2. Novo interesse pela experiência espiritual

O movimento místico e o problema da autenticidade da vida interior. A experiência da fé resistiu a teologia cientifica e objetiva. Renasce o interesse por uma vida espiritual interior. Até mesmo os teólogos demonstram este interesse. Surgem os movimentos místicos, necessidade da vida interior e o retorno ao essencial da fé cristã. Esta busca levou os teólogos a dar mais atenção ao problema da natureza, do método e da estrutura da Teologia espiritual. A autoridade eclesiástica institui a cátedra de ascética e mística em vista da formação do clero. Teve esta iniciativa o Papa Bento XV.

CAPITULO II A TEOLOGIA ESPIRITUAL COMO CIÊNCIA TEOLÓGICA

É necessário ter presente ao longo do nosso caminho a teologia sem privilegiar o aspecto objetivo da revelação e da fé em prejuízo do aspecto subjetivo. A teologia deve sempre fundar-se sobre a força vital da revelação e da fé. Desta forma o caráter cientifico da Teologia Espiritual deve fazer a devida distinção da Dogmática e da Moral.

1. O objeto próprio da teologia espiritual

Antes de chegar a ser chamada de Teologia Espiritual era denominada de teologia da santidade, perfeição cristã, da vida interior, ou mesmo como teologia da ascética e da mística. As varias denominações convergem para este mesmo fim, que podemos dizer que: “a perfeição ou santidade cristã come plenitude da união com Deus, considerada como fim do desenvolvimento de tudo a vida cristã de graça no homem novo em Cristo, sob a ação do Espírito Santo”.
Não se pode esquecer que a vida da graça é a realidade sobrenatural seja em si mesma — estrutura ontológica — seja nas suas causas próprias ou no seu fim próprio: o terreno a santidade e o celeste a glória. Como realidade sobrenatural a vida da graça pode ser conhecida mediante a revelação divina vivida na fé.

2. A perfeição cristã como objeto da ciência teológica.

O objeto específico da teologia espiritual é a perfeição cristã ou a santidade. Este objeto pode originar uma ciência teológica distinta da dogmática e da moral
Ao objeto da teologia espiritual pode ser reconhecido um verdadeiro caráter teológico a partir de três pontos de vista:

1. Realidade sobrenatural: pode-se conhece-la somente mediante a revelação divina.
2. Vida: Enquanto categoria essencialmente bíblica, toca toda a teologia. Deus é o infinito mistério da vida, no mistério trinitário, mas suas obras e na sua relação com o homem.
3. O aspecto dinâmico: Isto nos faz perceber a evolução da vida espiritual pode ser objeto da ciência teológica.

Da revelação e da tradição recebemos elementos concretos e suficientes para compreender, por exemplo, a natureza, o valor e os graus da experiência mística, se bem que circundados de certa incomunicabilidade.

3. Relação com a teologia moral

A atenção a Teologia Espiritual trouxe varias dificuldades aos teólogos — problema: de método, da natureza e da estrutura da teologia espiritual. Que ela seja verdadeira ciência não há duvida; porém, vários moralistas não quiseram reconhecer como autônoma cientifica da teologia espiritual.

À moral cabia a tarefa de estabelecer o que é BEM e o que é OBRIGATÓRIO. À espiritualidade cabia indicar: o MELHOR e o mais PERFEITO.

Hoje não é mais assim. Os moralistas não mostra interesse pela teologia espiritual.

- Lagrange: Atribui uma função meramente diretiva e educativa. Considera este campo teológico como uma aplicação da teologia na direção da alma.
- Ives Congar: Lhe da uma função, um múnus, uma tarefa especial no campo da Teologia.

No que se refere a autoridade cientifica da teologia espiritual ocupam-se:

- J. Maritain: lhe dá uma particular conceituação. Ele fala que a teologia espiritual tem um modo de construir os conceitos, diferentes dos da Dogmática e da Moral.
- Gabriele Maddalena: Caracteriza a teologia espiritual com o componentes psicológicos. Para ele é uma parte da Teologia que estuda a vida espiritual, acentuando o aspecto dinâmico.

Assim a teologia espiritual é a parte da teologia que considera o progressivo desenvolvimento da vida espiritual da graça do sujeito humano que tende à perfeição, na determinação psicológica que esta reverte na pessoa.




3.1. Atividades próprias da Teologia Espiritual

Deus se comunica com o homem, para fazê-lo participante da vida divina. A fé é a resposta pessoal do homem que acolhimento o dom da vida em Deus. Assim, a revelação (cf. Ef 1,9) divina não apenas torna o homem participante desta sua vida, mas o habilita interiormente à acolher o dom da comunicação de Deus e a responder-lhe com a adesão livre e radical — abandono e obediência da fé (cf. Rm 16,26; DV 5). Tornamo-nos participantes da vida divina (DV 2). Desta realidade surge a teologia espiritual.

O primeiro compromisso da teologia espiritual é o de reproduzir o dinamismo vital inerente ao ser humano, por graça divina, e acender a sede e a fome de Deus nos corações humanos. A verdadeira teologia nasce deste dinamismo interior, da revelação e da fé conduzindo-a a ciência teológica. A teologia espiritual, cabe acompanhar o homem no seu itinerário espiritual até sua plena união com Deus — santificação.
Os dois testos do concilio que vimos acima estão ligados, e tem em si uma riqueza muito grande no que diz respeito a revelação divina, da fé, que origina o amor benevolente de Deus para com a humanidade.
O longo caminho da reflexão teológica é feito passo a passo. Mas deve trazer em si a unidade.

- Primeiro: recolher os dados da revelação.
- Segundo: Realizar a reflexão teológica buscando reunir toda a verdade revelada. Podemos chamar também de reflexão moral.
- E por fim: Tomar o caminho da assimilação que nos vem da revelação e da fé.

A teologia tem a missão de conduzir o homem à comunicação com Deus, que não deixa de ser um mundo rico de mistério e de maravilhas. A comunicação com Deus abre horizontes infinitos.

3.2. A ação de Deus no cristão

Enquanto a teologia moral se ocupa com o agir do cristão, na linha da adesão e encarnação dos dados objetivos da ciência teológica, a teologia espiritual tem como primeiro interesse a obra e a atividade do Espírito Santo na vida do cristão, transformando-o e conformando-o sempre mais a Cristo e atuando nele a comunhão com o Deus-Trindade.
CAPITULO III

OBJETO DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

A questão do objeto é essencial para seja reconhecido o caráter cientifico da teologia espiritual.

1. Requisito para assegurar a dignidade cientifica teológica.

A nota caracterizante de ser ou não cientifica é o objeto formal (quod) e (quo). Partiremos do objetivo espiritual. Porém, este e apenas seu aspecto pneumático. Se alguém permanece-se ai, seria sinal claro de que apenas o Espírito Santo é o agente a vida espiritual de uma pessoa — não é assim; tam´bem o cristão é diretamente responsável.

2. Estrutura e história: teologia dogmática e moral

Se a vida do cristão é o objeto material própria seja da dogmática que da moral, diferente é, porém a ótica na qual as duas se põem com inteligência critica.
Enquanto a teologia dogmática se interessa pelos elementos estruturais da vida cristã — componentes constitutivos que formam a ontologia —, a moral se interessa pelas Dinâmicas essenciais que consentem à estrutura de totalizar-se harmonicamente no vivido histórico.
Assim, a dogmática se define como inteligência critica da fé do porvir histórico ou dos dinamismos da objetividade cristã. Assim, a diversidade do objeto forma (quod) se reflete também sobre o método ou sobre o objeto formal (quo).

3. Relação entre objetivo e subjetivo

O objetivo é o universal. É o conjunto da estrutura e da história. A realidade objetiva cristã e a vida de Cristo.

O dado subjetivo é o vivido por cada individuo.
Desta forma a vida em Cristo não é apenas um dado em si, mas também como um dado apropriado, concretamente assumido e vivido pelos indivíduos.

4. Teologia espiritual como teologia da vivencia espiritual

A apropriação da objetividade da vida cristã da parte do cristão constitui-se no objeto especifico formal quod da teologia espiritual que a distingue de todos os outros ramos da teologia: a especificidade da teologia espiritual consiste em ser teologia da apropriação individual do dado cristão universal; ou a teologia do sujeito cristão.
A teologia espiritual parte, pois, da experiência cristã. São duas as instancias semânticas: o cristão como individuo que crê e a ação do Espírito Santo.
Assim, espiritualidade é a encarnação particular da vida e de fé. Finalmente podemos dizer que a teologia espiritual é a inteligência critica da fé na obra de apropriação pessoal da vida cristã da parte do cristão, atuada pelo Espírito Santo — é uma teologia que analisa criticamente a atividade do Espírito Santo que realiza a individualização da vida cristã no fiel; e a inteligência critica da fé no desenvolvimento até a maturação plena da vida cristã no sujeito humano.

5. Teologia espiritual e espiritualidade

A teologia espiritual se configura como sendo a teologia pessoal da apropriação do objeto cristão ou da vida de Cristo.
Para entendermos melhor é necessário fazermos a distinção entre espiritual e espiritualidade.

5.1. Conceito de teologia espiritual

É o desenvolvimento da vida cristã como caminho verso a união pessoal com Deus. (São João da Cruz).
A união com Deus como senso da vida, na pertença recíproca. Ser um no outro é um degrau maior do que para o outro. Deus te pertence como senso de tua vida.

5.2. Conceito de espiritualidade

Podemos definir como forma concreta e visível onde cada cristão pela ação de Deus em Cristo pelo Espírito Santo se cumpre no cristã.

5.3. Relação entre Teologia espiritual e espiritualidade

Já dissemos que a Teologia espiritual se distingue nos confrontos com a espiritualidade pelo seu caráter cientifico, determinado por um objeto e método próprio.
Dado que a Teologia espiritual consiste em considerar a atividade do Espírito Santo no Cristão, então essa deve necessariamente partindo da experiência espiritual, universal dar estrutura cientifica ao discurso sobre o desenvolvimento da vida espiritual do cristão que tem valor universal.
Mas considerando que o Espírito Santo não se desenvolve só no cristão, mas interpela e o envolve diretamente, faz com que a Teologia espiritual deva considerar como sua fonte particular também a antropologia teológica.
CAPITULO IV MÉTODO, FONTES E ESTRUTURAS

A teologia espiritual é a ciência teológica que se ocupa do estudo do progresso do sujeito humano, ou seja, a dinâmica do desenvolvimento sobrenatural da graça, que age na pessoa em meio aos condicionantes psicológicos.
Portanto, é necessário ter presente tanto a revelação como a experiência concreta do sujeito.

I. FONTE DA TEOLOGIA ESPIRITUAL

As fontes devem atender a dupla exigência: - Teologia e experiência.

Por se tratar da vida espiritual, tem grande importância as experiências feitas por outros e que já servem como leis de caráter universal.
Além disso, a teologia espiritual deve estar às descobertas e às conclusões da s demais ciências humanas.
1. Fontes comuns

Todas aquelas que são comuns á própria ciência teológica, tais como a Sagrada Escritura; a tradição; o magistério Eclesiástico e a liturgia.

1.1.2. A sagrada escritura

Deve ser a luz principal que deve guiar a sua reflexão sobre a vida espiritual.
Ela contem verdades divinas, fornece ensinamentos quanto ao seguimento de Cristo e a vida de caridade cristã, e revela a ação transformadora do Espírito Santo no credente.

1.1.3. A tradição

E essencial para a Teologia espiritual o ensinamento dos padres da Igreja, que nos apresentam diversos modelos de santidade.

1.1.3. O magistério da Igreja

Através os seus pastores a Igreja ensina o que por primeiro escutou do Espírito Santo. Vejamos o que nos ensina o Vaticano II:

“O Magistério não é superiro a palavra de Deus, mas essa serve, ensinando só o que foi transmitido, enquanto, por divino mandato e com a assistência do Espírito Santo, plenamente escuta, santamente conserva, e fielmente expõe aquela palavra, e deste único deposito da fé atinge tudo o que propõe de acreditar como revelação de Deus” (DV 10).

1.1.4. A liturgia

Na celebração dos mistérios de nossa salvação se manifesta a vida da Igreja, a sua obra de santificação, sua fé e o seu modo de rezar. Na celebração litúrgica a Igreja anuncia e proclama a Palavra salvífica de Cristo.

2. Fontes próprias

São escritos dos santos, dos homens espirituais e as hagiografias (ambiente). Especial valor tem a própria história da espiritualidade, porque ela tem como objeto próprio a vida espiritual concreta dos cristãos.

3. Fontes psicológicas

Psicologia geral: estuda o comportamento do homem, nas suas varias atividades e na sua vida pessoal.
A psicologia Religiosa: É útil pois ajuda tanto para o interno como para o esterno do cristianismo. Essa apresenta três formas:

a) Empírica: Puramente descritiva dos fenômenos
b) Filosófica: Busca uma explicação da causa natural
c) Teológica: Procura explicar recorrendo aos fatores sobrenaturais.

A caracteriologia, com os seus vários tipos humanos, onde tem como fim de especificar o caráter de uma pessoa

A Psicologia Clinica e Patológica, que trabalha com as anomalias psíquicas.

II. Método da Teologia Espiritual

Por ser uma ciência teológica, a teologia espiritual deve usar um método cientifico, para poder provar, convencer e produzir certezas.
Como seu objeto é o desenvolvimento da vida da graça no sujeito humano, o seu método deve compreender tanto o aspecto próprio da teologia quanto o da experiência.
O método da teologia espiritual deve, portanto, ser intuitivo e dedutivo.

- Dedutivo: Parte da revelação, a teologia espiritual deve derivar princípios e verdades a cerca do fim e o conteúdo do agir cristão. Visa, assim, iluminar todo o caminho do cristão.
- Intuitivo: Recolhimento de experiência, que devem ser confrontadas e analisadas, para ditar leis praticas e concretas do desenvolvimento da vida espiritual.

III. ESTRUTURA

A teologia espiritual, enquanto ciência teológica, deve expor natureza do seu objeto — perfeição cristã —, as suas causas, os graus de desenvolvimento e as suas atuações fundamentais na vida da Igreja.
Entre os autores, porém, não existe acordo na escolha de um critério único. Por isso, os pontos de partida, para organizar a estrutura do trabalho, são os mais diversos.
Porém, são dois os que mais se impõem: um que toma como ponto de partida a relação entre teologia ascética e teologia mística; outro, toma como fundamento a importância atribuída aos graus ou vias da vida espiritual.
Os que atribuem á ascese o significado de exercício ou de esforço sustentam que a teologia ascética tem como objetivo especifico o estudo da perfeição espiritual — a tendência do cristão na direção de Deus. Sal meta será sempre fruto do esforço e do exercício virtuoso do homem.
Os que consideram a mística como mistério, como oculto consideram que a tarefa principal da teologia espiritual e o seu objetivo especifico é o estudo da misteriosa comunicação de Deus com homem, em vista da perfeição última.
Aqueles, porém, que defendem os graus ou as vias falam em incipientes, proficientes e em perfeitos. Outros ainda preferem utilizar-se como eixo nucleando a contemplação. Estes distinguem o caminho espiritual em três vias:

- Purgatório, Iluminativa e Unitiva.

A quem atribua maior relevo aos dons do Espírito Santo e assim por diante.
A teologia espiritual, mais do que pensar uma impostação autônoma, deve preocupar-se mis intensamente com aqueles temas que lhe são, de fato, próprios, isto é:

a) Deve fornecer uma clara impostação sobre a natureza da perfeição cristã — realidade de graça e as condições psicológicas:
b) Deve descobrir e analisar as causas do desenvolvimento espiritual seja da parte de Deus, seja da parte da pessoa humana, seja da parte da Igreja;
c) Deve apresentar a fenomenologia que caracteriza o progresso espiritual: oração, ascese, virtudes teologais, apostolado…;
d) Deve ilustrar os vários estados de vida na Igreja.


Professor: Pe. Carlos Laudazi
Aluno: Jaime Luiz Gusberti
Roma, 2002







PARTE SEGUNDA

O HOMEM CHAMADO A UNIÃO COM DEUS

Trataremos aqui a teologia espiritual sobre a graça divina da chamada a união com Deus em Cristo.
Quer-se ilustrar a justificação de iniciar, falando do homem e não da atividade do Espírito Santo, como nos pareceria mais lógico, segundo a ótica teológica espiritual. As razoes veremos ao longo do nosso enunciado.

CAPITULO I: VISÃO ANTROPOLÓGICA


1. O homem na dimensão do Espírito e do corpo

O homem é um dos protagonistas do desenvolvimento da vida espiritual, torna-se fundamental compreender de perto sua estrutura, porque a espiritualidade deve envolver o homem todo.
Trata-se de examinar o aspecto ontológico constitutivo. Isso ajuda a entender o valor do empenho e da responsabilidade de levar a plena cumprimento a própria ontologia da graça, na qual estamos colocados, por uma iniciativa gratuita do amor de Deus.

Deve ser bem ressaltada a intrínseca interdependência existente entre o aspecto ontológico e o dinâmico. Porém, este desenvolvimento harmônico só é possível quando as escolhas das ações a serem realizadas exprimem a radical e livre obediência ao próprio ser humano e cristão.
As características antropológicas fundamentais são, pois, o espírito e o corpo.
Trata-se do homem espiritual, mas não devemos partir do termo espiritual, como pareceria evidente. O perigo seria o de considerar o homem como composto de partes diferentes em detrimento de sua unidade intrínseca.

O homem é, pois, alma, espírito, liberdade, corpo…; não são partes, mas indicam os elementos constitutivos essenciais da estrutura ontológica do homem.
Com o termo espiritual indica-se o especifico do homem; aquilo que o distingue dos demais seres criados inferiores a ele. Indica, outrossim, sua transcendência em confronto com todos estes outros seres criados. Devemos, pois, considerar o homem como um ser espiritual corpóreo.


2. Espírito e corpo: dimensão do caráter dialógico do ser humano

Não são partes, mas dimensões fundamentais da ontologia do ser humano e, assim, revelam a abertura do homem ao transcendente e aos seus semelhantes.
Devemos recorrer à revelação, para compreender todo o significado destas questões.
A bíblia fala em pneuma ao referir-se ao espírito. Este termo indica abertura, escuta e diálogo dom Deus.
Já o termo corpo vem expresso como soma e indica sua realidade visível, em estreita relação com seus semelhantes.
Corpo e espírito são dimensões constitutivas fundamentais e, como tais, fundamentam todos os demais elementos.


2.1. O homem na dimensão do espírito

O ermo espírito — pneuma — constitui o específico do ser humano e o distingue essencialmente no confronto de todos os seres criados inferiores a ele. Por isso, é capaz de abrir-se e, sobretudo, de orientar-se determinadamente a Deus, como único fim e plenitude de seu existir.

2.2. O homem na dimensão de corpo

O termo corpo — soma — é bastante utilizado por Paulo e indica todo o homem exatamente na sua estrutura propriamente pessoal. O corpo é para o Senhor e o Senhor é para o corpo, diz o apostolo (1Cor 6,13).
É, pois, o homem, enquanto pessoa, existente na sua realidade concreta e em intrínseca relação com seus semelhantes.
Segundo a antropologia, a corporeidade é o verdadeiro espaço onde o homem pode fazer realmente experiência da unidade de si mesmo como pessoa; a pessoa humana vive a própria existência somente no corpo e através do corpo.

2.3. Relação de reciprocidade

Há uma integração essencial e recíproca entre corpo e espírito — o espírito como dimensão e meta do corpo e o corpo como dimensão e manifestação visível do espírito.
Por isso, poder-se-ia definir o homem — um ser como espírito corpóreo, ou mesmo, como um corpo espiritual. Assim, o homem é definido como espírito de um ser corpóreo e como corpo de um ser espiritual.

Portanto, o corpo aparece como a dimensão visível do espírito do homem existente no tempo e no espaço; e o espírito designa a dimensão definitiva do corpo, a sua escatologia.

CAPITULO II

O HOMEM ELEITO EM CRISTO PARA A UNIÃO COM DEUS


O plano divino da salvação pode assim ser expresso: Deus quis o homem em Cristo, para a união pessoal e para a comunhão com Ele.
E a revelação confirma que a única razão e a finalidade de Deus querer o homem em Cristo é a sua predestinação à união com Deus.
O Antigo Testamento, com o tema da aliança e o tema da imagem e semelhança, já ilustra bem esta realidade.
Mas é o Novo Testamento, sobretudo Paulo, na sua Carta aos Efésios e aos Colossenses, que revela mais intensamente o eterno projeto divino de querer o homem em Cristo, para a união e a comunhão com Ele.

I. Ensinamento Bíblico

1. Antigo Testamento

O que conta na estrutura do homem é o vinculo com Deus e as relações interpessoais que daí derivam.

1.1. O tema da Aliança

A categoria da aliança permite conhecer o verdadeiro valor da história do povo de Israel — real e especial presença de Deus em meio ao povo — elemento constitutivo fundamental do povo hebreu e da própria criação.

A aliança revela, pois, a indissolúvel relação entre Deus e seu povo. Ser criatura exige também uma relação de dependência absoluta de todo o gênero humano: Se Deus é o absoluto de Israel o é também de cada homem em particular.
Assim, a aliança coloca em evidência este caráter constitutivo da dependência do homem de Deus.
Quando o homem rejeita esta sua dependência, perde-se a si mesmo. Isto fica bastante claro no relato do pecado de Adão e Eva — tentativa de inverter a dependência fundamental que os subordina a Deus; com isso, perderam sua maior riqueza.

Esta ruptura com Deus trouxe também, como conseqüência, a ruptura com os outros — a relação entre Adão e Eva não foi mais a mesma de antes.
Depois da culpa é para o outro a instigação ao mal, com todas as demais conseqüências que o texto bíblico tão bem relata. Da Bíblia, pois, o significado e a autêntica dignidade do homem consiste em ser ele tu para Deus, pois, por obra gratuita da graça divina, foi chamado a viver na presença de Deus como um companheiro dialogaste.
Comunhão e diálogo com Deus e com os outros, eis a grande dignidade do ser humano.

1.2. O tema do homem como imagem de Deus. (o meu original é Cristo)

A imagem tem sempre sua consistência no original e não em si mesma. Enquanto imagem de Deus, o homem deriva seu próprio valor unicamente desta sua relação com Deus. Conseqüência — cultivar uma relação de amor intenso e apaixonante com Deus, segundo os critérios da aliança, colocando-os no coração de sua identidade.

Assim, o tema da imagem conduz à própria fonte da relação e da comunhão com Deus, para o conhecimento da identidade, dignidade e transcendência do homem nos confrontos com os outros seres criados.
Deus quis o homem como seu aliado; pois, o quis para a comunhão — união — e para uma relação pessoal com Ele.


2. Novo Testamento

2.1. Eleitos em Jesus Cristo

Paulo aos Efésios e aos Colossenses, afim que esta eleição em Jesus Cristo pertence à predestinação do homem á união pessoal com Deus, mediante seu querer e sua eleição em Cristo Jesus.

Ef 1,4: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda benção espiritual, no céu, em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito dente dele, no amor. Ele nos predestinou par sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça que ele derramou abundantemente sobre nós pro meio de seu Filho querido ”.

Col 1,15-17: “Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura; porque nele foram criadas todas as coisas, tanto as celestes como as terrestres, as visíveis como as invisíveis: tronos, soberanias, principados e autoridade. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas, e tudo nele subsiste”.
Somos predestinados a sermos conforme à imagem do Filho de Deus, primogênito entre os irmãos (Rm 8,29). Este plano de Deus se realizou plenamente em Jesus Cristo (Ef 3,11).
A teologia paulina apresenta os vários elementos que formam o quadro do plano de Deus sobre o homem. São eles: a centralidade de Cristo e os vários gestos atuados por Deus em Cristo.

2.2. A centralidade de Cristo

a) Cristo fonte e mediação

Cristo é a única mediação. O Pai com Cristo e Cristo com o Pai deram vida e existência à obra da criação (Cl 1,16; Jo 1,3; Hb 1,2).
Assim, o homem, sendo fruto da obra co-criadora de Cristo, participa de seu ser e existe intrinsecamente orientado a ele. De aqui deriva também a razão da sua vida como seguimento e como discípulo de Cristo e de nenhum outro.

b) Cristo destinação ultima.

Todas as coisas foram criadas em vista dele (Cl 1,17). Esta afirmação revela e exalta o aspecto criptológico da criação e o apresenta como seu elemento constitutivo.
Cristo é a motivação da livre vontade de Deus criar e seu verdadeiro sentido e a plenitude de seu significado. Deus quis a criação em vista de Cristo.
Assim, Cristo e não outro pode ser a razão da existência do homem e seu verdadeiro sentido.
Esta realidade define o caráter ontológico da relação entre o homem e Cristo. Tal realidade exprime nossa pertença a Cristo e dá a entender que só em Cristo o homem encontra o sentido pleno de seu ser e o significado de sua existência.
Da mesma forma, o homem existe como manifestação e atuação do mistério de Cristo, pois Cristo é a cabeça (Cl 1,18); Ef 1,22: 4,15) e o primogênito de muitos irmãos (Rm 8,29). Assim, Deus nos quis, para sermos transformados na imagem do Filho seu, mas também para levarmos à meta final o pleno cumprimento desta imagem de Cristo que somos.

2.3. Conteúdos da iniciativa Divina.

2.3.1. A eleição e predestinação.

Se a predestinação é a ação da graça com a qual Deus deliberou, desde toda a eternidade, de querer o homem em Cristo para torna-lo participante da sua vida divina, a eleição divina em Cristo é o gesto com o qual, já antes mesmo da criação do mundo, Deus escolheu de quer este mesmo homem para a plena comunhão com Ele. Tudo o que somos o somos sempre e somente em Cristo.

2.3.2. As condições existenciais de filhos

A finalidade da eleição divina em Cristo é de querer-nos santos e imaculados em sua presença — eleito para a permanente presença a Deus. Esta eleição ordenada à santidade, portanto, tem o significado de ser acolhido por Deus na nossa essência eternamente eleita em Cristo. Assim, o sermos santos se concretiza na condição existencial de filhos adotivos em Cristo.

2.3.3. O amor como motivação da decisão de Deus.

Elegendo-nos em Cristo, antes mesmo da criação, Deus estava somente animado por seu amor gratuito ou de benevolência. Ele nos escolheu e nos predestinou a sermos seus filhos adotivos em Cristo, na caridade, segundo a teologia paulina.

2.4. O agir de Jesus Cristo.

O Noto Testamento ilumina vivamente o caráter ontológico da relação entre Deus e o homem, sobretudo, mediante o modo de agir de Jesus Cristo. No mistério da encarnação, a união entre a natureza divina e humana, na única Pessoa do Verbo, demonstra o caráter extremamente indissolúvel.
Assim, o evangelho apresenta Jesus como Deus e como homem que se faz próximo e presente em meio aos homens (mt 1,23). Para João, o principio real da nossa comunhão com Deus e Jesus Cristo é o dom do Espírito Santo — Nele, Deus faz sua morada em nós.
O mesmo evangelista fala também da presença do Pai e Jesus em nós (Jo 14,23).
Acentua, porém, a morada permanente do Espírito em nós, dom do Pai e do Filho (Jô 14,16-17). Este Espírito é, na vida dos discípulos de Jesus, como Espírito mandado pelo Pai em nome de Jesus Cristo.
Assim, a espiritualidade do cristão consiste no empenho de aderir a esta realidade da graça e de colaborar com o Espírito, para o pleno desenvolvimento da relação de união e de sua encarnação na vida cotidiana.


II. ASPECTO TEOLÓGICO-ESPIRITUAL: A GRAÇA DA UNIÃO

1. A graça da união fonte da grandeza e dignidade do homem.

A união e a amizade entre Deus e o homem é a dimensão que domina toda a existência cristã — é o principio real que constitui o homem na dignidade soberana, em confronto com os demais seres criados.
Para o Vaticano II, a razão mais alta da dignidade do homem consiste na sua vocação a comunhão com Deus.
Devemos considerar que o principio real da vida cristã de todo o dinamismo é a comunhão. A comunhão é a raiz ontológica de toda a vida da graça e do desenvolvimento do cristão, em vista de sua definitiva plenitude na visão beatifica e, agora, como garantia de seu real participação.

1.2. Estrutura da união

A realidade da união é determinada da característica própria e regulada de uma lei interior. O aspecto fundamental que especifica é a dimensão personalista; que significa que se pode falar de união, que união é possível só entre pessoas. Fora disso é a despersonalização da união

1.3. O dinamismo intrínseco da união

A auto doação constitui ajuda no crescimento só se for feita na linha da gratuidade. Da parte de Deus, nos confrontos do homem essa não pode ser se não gratuita.
São João da Cruz nos diz: “não no senso que a alma conquistara a perfeição em Deus, que é impossível, mas no senso que tudo o que ela é torna-se semelhante a Deus, pelo qual se chamara e será Deus por participação”.
Todo este caminho leva a chegar a ser uma só carne, não pode ser se não o dinamismo e a potencia do amor.
A razão esta no fato que o amor, a de ser a razão fundamental e o fim de todos os elementos constitutivos da estrutura da pessoa humana e também pela sua natureza, a potencia que torna capaz os dois, que se pertencem a doar-se continuamente promovendo a respectiva diversidade.

1.4. Um caminho em Cristo pelo Espírito Santo

A perfeição cristã não pode construir-se fora do cristão que deve alcançar, mas no crescimento, progresso, desenvolvimento da chamada a união que e nele como germe, fonte de vida e força que sustenta.
A união com Deus, sendo a raiz da qual brotou a nossa vida e onde se alimenta, a perfeição cristã consiste no progredir na união pessoal com Deus em Cristo até o encontro final. A estrada não pode ser outra se não Cristo.

Ele é o caminho, verdade e a vida” (Jo 14,6).

A atividade do Espírito Santo em nós é finalizada, transformados e conformados a imagem do Filho de Deus encarnado, que nos rende participantes da sua filiação natural, assim que podemos estar diante de Deus também como nosso Pai, e sermos amados por Ele como seus verdadeiros filhos e participar da mesma glória do Filho Jesus Cristo.
Seguir Cristo significa fazer dele o único centro da existência, único referimento de todas as decisões e opções.

A finalidade da terceira pessoa da Trindade e instruir o mistério de Cristo de fazer-lo acolher como senso e significado da nossa existência, de provocar a nossa adesão a Ele, e de instruir-se no modo de ser seus discípulos, de fazer-se semelhante a sua mentalidade, que é a mesma mentalidade do pai.


CAPITULO III

O HOMEM EXISTENTE NO PECADO

O ser humano não aderiu o projeto divino sobre si e, de fato, escolheu realizar sua própria existência rejeitando o referimento aos dados objetivos e constitutivos de seu ser, quais sejam:

- O ser em Cristo e a relação pessoal com Deus.

E como não existe outra possibilidade de realização humana fora do projeto de Deus, o homem colocou como fundamento de sua existência a falsidade e a mentira, uma vez que estabeleceu seu próprio projeto e a ele seguiu — contrário à vontade de Deus.
Assim, a natureza do pecado consiste no mistério da iniqüidade e, como tal, precisamos da divina revelação, para descobrirmos toda a gravidade — existencial e teológica — da atitude tomada pelo ser humano.


I. ENSINAMENTO BÍBLICO

1. O pecado come idolatria

A história da salvação se entrelaça como a história do pecado — ao gesto amoroso de Deus corresponde o fechamento e a recusa do homem. Diante desta ação destruidora do homem — a infinita misericórdia de Deus.
A revelação trata com muita seriedade a questão do pecado — configura-o com a idolatria, isto é, a recusa do verdadeiro Deus e a pretensão do homem de construir-se um deus à própria imagem e semelhança. A bíblia vê, pois, o pecado como ato com o qual o homem recusa sua relação com Deus e rompe as relações com os outros — encerra tudo sob sua potência maléfica e destrói a pessoa humana na sua mais misteriosa profundidade.
A idolatria aparece quando o homem pretende realizar-se sozinho. É o culto de si mesmo — ídolo de si mesmo. A idolatria é a escolha da falsidade que é a própria história. Por isso não podemos anular o nosso ser ontológico, isto seria anular-nos a nós mesmos.
Para o Antigo Testamento, a categoria que mais revela a malícia do pecado é a da idolatria — usada pelos profetas.
Equivale a trocar Deus pela mentira (Sl 4,3); usar-se de Deus para apagar os próprios desejos e sede de poder (Is 40,18-25; 41,24.29; 44,9-20). Nos profetas, o pecado é aquele que se constrói um deus para o próprio uso e coloca a si mesmo como único ponto de referência.
Assim, a existência do povo israelita é um continuo prostituir-se (Os 2,7-10; Jr 3,13). Gerências apresenta o pecado como um extirpar-se de Deus.

2. Um poder do pecado

O tema da gravidade do pecado, no Novo Testamento, é bastante trabalhada por Paulo. Na teologia paulina, o pecado é visto como uma potência maligna que está na raiz da existência humana, que reina no homem e o reduz à escravidão e com ele todo o universo.
A existência humana tornou-se o lugar onde o pecado estabeleceu seu reino ordenado por uma lei que impele a uma inexaurível regularidade de dever pecar e de dever falir.
O homem sob o pecado é um homem prisioneiro e totalmente entregue à lei dominada pelo pecado e geradora de pecado.
A figura do homem pecador descrito por Paulo é aquela de uma pessoa que faz experiência continua de própria laceração interior. O pecador, enquanto criatura de Deus, aceita com alegria a lei divina, mas enquanto existente sob o pecado se encontra prisioneiro da lei que o domina, da lei regulada pelo pecado e suscitadora de pecado.
Assim, a vontade originária do homem está voltada na direção do bem, mas na sua existência concreta encontra-se somente o mal. Em outras palavras: o homem histórico é sempre um contraste com o homem criatura.
Este drama da sua laceração é vivido pelo homem como uma realidade que se realiza na interioridade mais profunda de si mesmo — no sacrário mais intimo.
Lá, onde experimenta-se chamado ao bem, à comunhão de amor com Deus, mas, ao mesmo tempo, experimenta fortemente a lei do pecado que lhe impede de observar este chamamento interior.
O homem histórico, diz Paulo, é totalmente prisioneiro da norma do pecado: “vejo uma outra lei nos meus membros que se opõe à lei da mente e me torna escravo da lei do pecado que está na minha carne” (Rm 7,23). Diante desta realidade, Paulo exclama: “quem me libertará deste corpo de morte” (Rm 7,24).
Tudo indica que o Apóstolo dos Gentios considera o pecado como causa de morte — separação de Deus e confiança incondicionado do homem em si mesmo. Esta é a rejeição absoluta da objetividade ontológica do projeto de Deus; ele mesmo é seu fundamento. Porém, sabe que não pode dar-ser a própria vida (2Cor 1,9-10) — autodestruição de si mesmo.

II. ASPECTO TEOLÓGICO

A rejeição da comunhão com Deus se funda na idéia de que esta comunhão é uma ameaça a própria autonomia e não é vista como um dom de salvação.
A questão é autoprojetar-se fora dos desígnios de comunhão com Deus — pecado. Configurar-se quase com uma potencia maligna.
O pecado representa na prática um total falimento do homem, da sua história e da sua existência.

1. O senso e a realidade do pecado

O verdadeiro sentido do pecado aparece em toda a sua profundidade só que considerado em relação a Deus e não ao homem.
Refere-se ao agir e não ao ser criado, por isso, tem o significado de ruptura entre o ser e o agir. A ação pecaminosa é lacerante, porque é um ato contra o ser mesmo. Embora o pecado não exista por si mesmo, mas no homem, é uma realidade concreta.
Isso é demonstrado pela seriedade com que Deus o considera e o afronta na história de seu Filho. Somente aquele que crê pode compreender a monstruosidade do pecado.
O homem pecador dá à própria existência uma orientação totalmente oposta à vontade de Deus — torna-se incapaz de voltar-se a Deus como filho. Por isso que podemos dizer que só no projeto de Deus é que podemos entender o que é pecado.

De que natureza é o projeto de Deus É de amor — porque o nosso fim é a união com Deus. É da natureza do amor sair de si para que o outro seja ele mesmo.
Sair de si é ir ao outro para servi-lo. Não possui-lo, mas acolhe-lo.
O pecado é não permitir que Deus te ame. O amor é sair de si para doar-se ao outro.

2. O pecado como rejeição do projeto de comunhão com Deus em Cristo.

A compreensão do pecado requer algumas premissas. É necessário ater-se ao plano dinâmico, ou seja, devemos referir-nos à questão do crescimento, do progresso e do desenvolvimento, do qual o homem é o autor principal.
Em relação ao plano ontológico, ao homem não pode ser atribuída nenhuma responsabilidade e nenhum mérito, porque tudo é dom de Deus.
De pecado só é possível falar em referência ao plano dinâmico — conseqüência direta das decisões e escolhas erradas que o homem assume para si mesmo, em desconformidade à sua estrutura constitutiva.
Deve o homem totalizar-se, uma vez que não é ainda totalizado — é tarefa sua. Assim a única verdade e opção fundamental do homem e livre é assemelhar-se ao modo de viver de Cristo — ser filho de Deus.
O problema a ser enfrentado é a presunção do homem querer sempre de novo absorver o divino no humano e querer fazer de seu projeto humano um plano divino.
Por isso o pecado nos arranca de Cristo.
O homem tenta construir-se por si mesmo.

Um exemplo nos ajuda: É mais feio ser injusto, mentiroso do que a fragilidade de realizar o pecado.


III. ANTROPOLOGIA

1. A liberdade humana e a possibilidade de pecado.

Porque é possível o homem pecar
O pecado só é possível compreende-lo em referimento ao projeto de Deus sobre o homem. Sua liberdade de escolha tornou-se, na verdade, fonte da possibilidade de pecar.

2. A liberdade humana como liberdade em Cristo.

Aqui podemos nos interessar sobre o conceito teológico de liberdade. A liberdade não aparece tanto como atitude humana frente às coisas, mas como uma posição ou atitude responsável do homem frente a Deus.
O verdadeiro âmbito da compreensão da liberdade humana é Cristo. Nele fica claro que a liberdade humana está na raiz do plano de Deus sobre o homem. E Cristo ensina como vive um filho de Deus a sua dimensão de liberdade, para viver de acordo com aquilo que ele é — filho.
A objetividade da liberdade humana consiste em ser uma liberdade em Cristo. A verdadeira ontologia da liberdade humana consiste em ser uma liberdade que é participação á liberdade de Cristo, que é uma liberdade de Filho de Deus.

Este dado ontológico nos leva a afirmar que o verdadeiro constitutiva da liberdade humana esta próprio no seu ser em. Jamais pode ser uma liberdade de, fora de sua origem. O homem é livre à medida que permanece e se radica na liberdade de Cristo.
A liberdade humana e divina não estão em contraposição — a liberdade divina é a fonte da qual nasce a liberdade humana e é também o âmbito e o espaço para a verdadeira e plena realização da liberdade humana.

3. Uma liberdade para obedecer

A natureza da liberdade só é bem compreensível através do conhecimento do fim para o qual a liberdade foi participada ao homem — o homem deve responsavelmente tomar posição, em vista de sua realização na existência.
Deve fazer sua escolha, mas aquelas escolhas que lhe permitem autoconstruir-se e alcançar o fim para o qual foi criado por Deus e chamado a existir em Cristo.
O ser humano não é um ser completo é frágil, pode pecar. Mais se cresce na liberdade, mais se cresce para fazer o bem.
O crescimento da liberdade somente é possível, mediante a radical e fiel obediência à própria objetividade constitutiva — crescer em liberdade equivale a orientar-se em modo determinado e constante a Cristo.
Ser livre não é autonomia e independência; pelo contrário, é adesão radical e incondicional ao projeto de Deus — viver com verdadeira e profunda obediência a Cristo.

4. Obediência na obediência de Cristo

Cristo não apenas é a fonte e a raiz da liberdade humana, mas é também o modelo de como o crescimento da e na liberdade se atua somente na perfeita obediência à própria objetividade constitutiva.
O Evangelho de Jo 10,15-18 — Jesus atinge a plena liberdade na obediência. O dom que Jesus faz de sua vida é para salvar as ovelhas. Jesus da a sua vida porque esta é a vontade do Pai. Jesus alcança a liberdade na plena obediência. A liberdade e a obediência ao Pai coincidem.
O valor da obediência esta radicada na Trindade onde o Filho é aquele que não apenas esta próximo do Pai, mas é aquele que está plenamente voltado ao Pai, como aquele que Dele recebe a imagem. É a obediência que o constitui como Filho e o faz ser o amado do Pai.
A obediência de Jesus manifesta a natureza e, sobretudo, a finalidade da liberdade como participação ao seguimento de Cristo: aberta, receptiva e totalmente aderente.

5. O pecado causa do enfraquecimento da liberdade humana.

A liberdade é fonte da possibilidade do pecado no homem. Antropologicamente o pecado e´um atentado a liberdade. Na medida que o homem toma uma decisão contra si mesmo enfraquece a sua liberdade — enfraquecendo esvazia a capacidade de escolher e aderir ao bem.
Assim o pecado se configura como esvaziamento da liberdade do homem. Segundo Paulo, a liberdade torna-se escrava, isto é, totalmente sujeitada ao poder do pecado. O caminho é trabalhar para que a sua liberdade seja livre por obra da liberdade de Deus. Da nossa escolha depende a nossa realização.
O pecado fere o homem na sua liberdade. A carta de Paulo aos Romanos 7, nos mostra que o cristão é liberto da lei. Tudo nos é dado para que nós possamos obter a liberdade.

6. Dilaceração das relações pessoais.

O pecado está de tal forma inserido na existência humana a ponto de quase configurar-se com um elemento estrutural. Rahner fala em existencial. Esta realidade influi sobe as relações interpessoais.

6.1 O homem um ser de relações.
A capacidade do homem relacionar-se com os outros é um de seus elementos constitutivos. O homem é um ser-em-relações — é um dado estrutural objetivo. Porém, seu crescimento se verifica apenas na medida em que ele for capaz de estabelecer relações autênticas com os outros.
A escritura revela que o homem foi criado a imagem e semelhança, chamando-o pelo nome, isto é, o fundamento da existência do homem é seu chamamento pelo nome.
Isso significa que desde a eternidade o homem está pessoalmente interpelado por Deus. E sua realização esta no fato de ser resposta obediente aquele que o chamou.
O ser humano da sentido a sua vida se o vive como resposta obediente e adesão constante ao amor de Deus que o chama permanentemente.

6.2 Dilaceração das relações

É fruto do pecado. Interferência nas relações entre o homem e Deus e dos homens entre si. Deus não é mais visto como aquele que chama e a quem se deve responder, mas como aquele do qual a pessoa deve servir-se, para seus fins egoístas.
Desta forma, o pecado mostra toda a sua mentira e infâmia.

7. Dimensão existencial do pecado.

O pecado assume uma característica decisivamente teologal — seu sentido não é percebido como violação de uma lei, mesmo que divina, mas como uma decisão de não aceitar-se como pessoa orientada por Deus.
O pecado produz um projeto de morte. Portanto, o pecado não se configura apenas como recusa da relação com Deus, mas também como ruptura das relações consigo mesmo e com os outros. O pecado não pode ser entendido apenas como ato isolado, mas como atitude de rejeição ao plano de Deus e inversão da verdade sobre si mesmo. As relações com os outros tornam-se injustas e deturpam a verdadeira caridade — há uma solidariedade no mal. Porém a graça do mistério pascal de Cristo impulsiona a confessar o pecado e a reafirmar a absoluta confiança em Jesus Cristo, único Salvador.


IV ASPECTOS ESPIRITUAIS

A rejeição da comunhão com Deus se funda na idéia de que esta comunhão é uma ameaça à própria autonomia e não é vista como um dom de salvação.
A questão é autoprojetar-se fora dos desígnios de comunhão com Deus — pecado. Configura-se quase com uma potencia maligna.
O pecado representa na prática um total falimento do homem, da sua história e da sua existência.

1. O pecado na vida espiritual.

Embora o pecado seja uma nova criatura em Cristo, de fato vive á maneira do homem velho.
A teologia paulina fala em VELHO E NOVO, termos que indicam uma situação concreta de homem. De acordo com estas categorias, o pecado mais que um conceito indica um modo de viver do cristão em contraste com a novidade nascida com o batismo.
Na vida cristã, o pecado é uma total deformação do batizado em relação ao ser novo ser, porque, com o batismo, ele tornou-se um ser novo em Cristo. Aderir ao pecado significa extirpar-se de Cristo.
Existencialmente, pecar significa retornar à vida Velha, segundo Adão — volta à vida segundo á carne. Em outros termos, é viver à maneira deste mundo, seguindo o príncipe das potências do ar, o espírito que opera nos homens rebeldes e seguir a vontade da carne e os desejos maus (Ef 2,1-3).
Assim, o pecado se configura não tanto como uma transgressão, mas como um modo de viver — embora seja uma nova criatura, a pessoa escolhe viver segundo a lei do homem velho. Pecar é retornar ao velho ser. Por isso, mais que dizer FIZ se deve dizer SOU.


CONCLUSÃO

O pecado vai contra o homem e é mal para ele mesmo. Bem e mal é sempre para o homem. Os efeitos do pecado é no ser livre. Na liberdade tem a possibilidade de pecar.
Tudo o que o homem é não é em plenitude, isto é, deve tornar-se livre.
A natureza de cada um é o seu fim. Por que o homem é livre Para exercitar-la. O homem é livre porque é cópia de Deus por participação. Não tem duas liberdade, existe uma só, mas modos diferentes de vive-la: a de Deus e a do homem.

Por que Deus não peca Porque ele é a liberdade. Se nós participamos de Deus não podemos ter outro fim.

O que é necessário fazer para crescer na liberdade
Devemos desenvolver a liberdade, na medida que fazemos o bem. E isso é fruto do exercício. Tudo o que escolho e faço deve ser feito na liberdade — escolhido livremente.

Se você é obrigado a fazer o bem, isso não é agradável — escraviza. O bem é fruto de sua opção.
Porque ser livre Para o meu bem. Se escolho o mal eu agi contra a liberdade — contra mim mesmo. A nossa liberdade não pode ter outro fim — em Deus é plena. Tendo a mesma liberdade não podemos ter outro fim se não que este em Deus. Mas ainda não é em plenitude.
O pecado fere o homem em sua liberdade.
Quando falamos em Salvação o que nos referimos
De que o homem deve ser salvo é na liberdade. O nosso bem é Cristo, porque Ele é nossa ontologia.
A nossa relação com Cristo se da porque ele é nosso fundamento. Não é modelo mas é fundamento.
Aderindo a Cristo estamos aderindo a mim mesmo — mas o meu bem é Cristo.
A liberdade é possibilidade e não causa. Nos tornamos livres na medida que fazemos o bem.
O pecado é a ruptura da comunhão com o irmão. O homem é um complexo de elementos. Mas dentro de uma harmonia, onde cada elemento depende um do outro — e o pecado é a desarmonizarão de tudo isso.
Romper a comunhão é o máximo do mal que podemos nos fazer.
O pecado é um vírus que esta em nós. Paulo diz: O pecado entrou em nós por causa da negatividade da humanidade.
Para isso é necessário seguir a consciência (GS 16). A lei se completa no amor a Deus e ao próximo. Para isso é necessário que o homem tome em suas mãos a própria vida e a conduza com a consciência de crescer na liberdade.
O sentir não depende de nós, mas o consentir sim.

Algumas considerações:

Quando as virtudes evangélicas são uma obrigação elas escravizam, mas quando vistas como um instrumento nos tornam livres.
A pobreza: O que deixamos — não tanto mas o que isso nos enriqueceu. O conselho evangélico não é dividir o material mas o que foi dado a você com os outros. Cada dom produz um estilo de vida. Mais rico é o que faz o bem.
CAPITULO IV

DEUS DE FRONTE AO HOMEM PECADOR


INTRODUÇÃO

Qual é a intenção de Deus É a união com Ele. Quando Deus toma um decisão pode mudar de idéia Não, pois Ele é fiel a si mesmo.
O pecado instaura na carne o seu Reino. O pecado não faz parte de nossa estrutura. O batismo é o que nos livra e faz nascer de novo.
A graça nos liberta.
Como existe o bem assim também existe o mal. Cada vez que nos exercitamos para o bem deixamos de fazer o mal e ele cresce dentro de nós. (Ex. um vicio se nós o repetimos ele cresce).
A criança é filho da humanidade e traz em si o fruto desta humanidade — o efeito desta humanidade é o pecado.
A salvação nasce da riqueza da misericórdia e do grande amor ao homem.
Deus confiou ao homem a tarefa de autoconstruir-se, na radical obediência aos dados objetivos e constitutivos de seu ser, mas o homem resolveu responder com a pretensão de substituir-se a Deus e a colocar a si mesmo como ponto de referência de todas as suas escolhas.
A esta situação Deus não respondeu com a condenação, mas com seu plano misericordioso de salvação. Deus respondeu fazendo da morte de seu Filho a fonte de renascimento e de reconciliação com o homem. Os gestos salvífico com os quais Deus manifesta a sua misericórdia são a Páscoa e o Batismo.
O mistério pascal é a fonte da qual emana a caridade de Deus e é sinal da fidelidade absoluta ao seu projeto de amor. Da mesma forma, pelo batismo faz renascer o homem decaído pelo pecado e lhe restitui plenamente na condição de filho.


1. A páscoa de Cristo como manifestação da caridade de Deus.

O mistério pascal de Cristo é a manifestação visível e a expressão máxima do amor gratuito de Deus, pelo homem pecador.
Assim Deus, com a decisão de querer o homem em Cristo, estabeleceu a conseqüente entrega de Cristo nas mãos dos homens. Cristo, de fato, é o eleito eterno do Pai por querer o ser humano — é Cristo, pois, a única fonte de subsistência do homem.
Porém, o homem se revoltou frente a esta decisão de Deus e assumiu uma atitude totalmente negativa frente ao gesto de confiança e de amizade de Deus, em relação a ele. Assim, o evento pascal de Cristo é, ao mesmo tempo, resultado da ação do homem e resposta da misericórdia da parte de Deus.
É, pois, a revelação total da santidade e da potência de Deus em querer salvar o homem e, assim, levar à plenitude sua iniciativa gratuita de querer a existência do homem em Cristo.
Devemos lembrar que o agir de Deus no mistério pascal de Cristo a nosso favor nasce do seu amor gratuito. Vejamos como Paulo escreve este amor:

“E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios. Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer em favor de um justo; talvez haja laguem que tenha coragem de morrer por um homem de bem. Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,5-8).


Para Paulo, a páscoa de Cristo representa o juízo definitivo de Deus e a favor do homem e a solene declaração da fidelidade divina frente a maldade humana (Rm 8,31-34).

2. A páscoa de Cristo manifestação da fidelidade de Deus

Tomando como ponto de referência o plano divino sobre o homem, conhecemos o modo de agir de Deus, apesar de sua racial aversão ao pecado — extremo acolhimento do homem pecador.
Isso significa que o projeto de salvação não pode não realizar-se por falta de fidelidade da parte do homem.
A revelação nos ensina que Deus, por livre iniciativa, quis o homem em Cristo, para a relação e comunhão consigo. Disto resulta claro que a relação do homem com Deus se configura como elemento constitutivo essencial do ser e da existência humana.
Por isso, a relação com Deus, se existe no homem como elemento constitutivo de seu ser, não pode mais ser destruída e, portanto, deve continuar a existir apesar da presença do pecado neste homem.
Isto equivale a afirmar que o dom da comunhão do homem com Deus não pode ser retirado do homem, apesar de ele ter assumido o pecado sobre si mesmo — isso por fidelidade de Deus a si mesmo.
Embora pecasse, Deus não cortou ao homem a possibilidade de entrar em plena comunhão com Ele. Esta vontade de comunhão e de reconciliação de Deus se manifesta e se atua plenamente no mistério pascal de Cristo — Cristo morto e ressuscitado é a resposta de Deus ao homem pecador.
Assim, o evento da morte e da ressurreição de Cristo representa o acontecimento por excelência com o qual Deus declarou solenemente e irrevogavelmente de acolher o homem, apesar de seu pecado e de seu ser estado de injustiça.
A graça pascal da justificação é assim essencial e fundamental na economia da história da salvação do homem que assume o significado de existencial cristã — existência caracterizada ontologicamente e determinada pela justificação do sacrifício de Cristo.
Este gesto de justificação operado por Deus em Cristo dá ao homem o direito e a garantia de ser acolhido por Deus e de ser salvo por Ele.

3. Deus rico em misericórdia

O batismo manifesta a máxima atuação do mistério pascal de Cristo, na vida concreta do homem pecador. Como batismo, a caridade salvífica divina torna-se historia da salvação, para o homem pecador — Deus acolhe e ama o pecador.
De fato, toda a riqueza da graça brotada da páscoa de Cristo é colocada à disposição no batismo.
Ao ser batizado, o homem acolhe esta oferta e, assim, pertence indissoluvelmente a Cristo. Isto significa que para nós fora de Cristo não existe outra fonte do nosso ser e da nossa vida.
Este é um vinculo indissolúvel e indestrutível — da origem a uma união de recíproca e amorosa pertença. A esta misericórdia divina deve o homem responder com amor filial e fiel.

TERCEIRA PARTE

A ATIVIDADE DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DO CRISTÃO


INTRODUÇÃO

O batismo manifesta a máxima atuação do mistério pascal de Cristo, na vida concreta do homem pecador. Como batismo, a caridade salvífica divina tornar-se história da salvação, para o homem pecador — Deus acolhe e ama o pecador. De fato, toda a riqueza da graça brotada da páscoa de Cristo é colocada à disposição no batismo.
Ao ser batizado, o homem acolhe esta oferta e, assim, pertence indissoluvelmente a Cristo. A isto significa que para nós fora de Cristo não existe outra fonte do nosso ser e da nossa vida.
Este é um vinculo indissolúvel e indestrutível — dá origem a uma união de recíproca e amorosa pertença. A esta misericórdia divina deve o homem responder com amor filial e fiel.
O bem e o mal são produto do homem. Por isso que em Cristo somos e vivemos. Deus não tem medo do pecado. A caridade de Deus é infinita: “Eu não vim buscar os justos mas os pecadores…” Deus não refuta o homem porque Ele o quis. O refuto vem de baixo.
A gratuidade de Deus é infinito.

“Quem acusará os escolhidos de Deus É Deus quem torna justo! Quem condenará Jesus Cristo Ele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à direita de Deus e intercede por nós” (Rm 8,33-34)

Deus não pode refutar. Não podemos atribuir a Ele um castigo, porque o velho homem deve dar lugar ao novo homem. O pecado de qualquer modo foi para mostrar a misericórdia de Deus. A grandeza de Deus não é na onipotência, mas grande no amor.
Deus é salvador porque Ele é amor.

“Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores. Assim, tornados justos pelo sangue de Cristo, com maior razão seremos salvos da ira por meio dele. Se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus por meio da morte do seu Filho, muito mais agora, já reconciliados, seremos salvos por sua vida. E não só isso. Também nos gloriamos em Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual obtivemos agora a reconciliação” (Rm 5,8-11).

O agir de Deus é sempre por amor. As vezes dizemos: Deus nos abandonou, esqueceu de nós… Os sentimentos de Deus são de amor — misericórdia absoluta.
O potagonista é o Espírito Santo. Cada intervento de Deus é para construir a missão e concretiza-los.

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo” (Ef 1,3).

Na Bíblia a benção é participação. A benção esta presente na vida dos patriarcas. Dizer: Deus te abençoes é participar do que Ele é. Participar é fonte espiritual.
Paulo fala de que te abençoou com toda a benção. Para que esta benção viesse Ele nos deu a fonte: O Espírito Santo. Dando o PNEUMA deu tudo o que nele esta contido. Tudo o que terás necessidade para chegar a plenitude.
Dou como parte de onde vem todos os dons do Espírito. Os dons são os que conhecemos, mas o dom dos dons é Cristo.
Tudo o que é necessário o Pai nos da por meio do Espírito Santo. Para que o Espírito viesse foi necessário do mediador que também é autor da mediação (Cristo).

A atitude do Espírito no cristão.
O batismo é o momento da historização. O Espírito entra no tempo e se liga ao tempo. O que torna história se visualiza. Pra entender partimos do projeto de Deus. Ai nós contemplamos três momentos: a idealização, o caminho para realização e a atuação.

A união vem de Deus e Ele quer realiza-la em Cristo. Esta é a causa de tudo. Porque os dons, carismas são para concretizar a união com Deus.
Partimos de Deus. Por que É que Deus mesmo estabeleceu esse caminho e nos quer em união com Ele.
É m projeto trinitário. A nossa origem sendo trinitária, por isso que nossa estrutura é comunional (comunhão).
A fonte faz parte do projeto de Deus e tudo vem por mediação. O batismo é a concretização da manifestação do que de sempre foi anunciada. É o momento do cumprimento, carisma, isto é, todas as intervenções foram exauridas.
Mas diante disto devemos ficar atentos para não homologar todas as religiões. É verdade que a salvação pode se dar fora da Igreja mas isso bem entendido. Entendido que isso é obra de Cristo. Ele é a fonte. Todos Cristos, mas nem todos cristãos. Por isso tem o acolhimento dos que querem ser cristão é por Cristo. Mas nem todos aceitam este ser cristãos.
As religiões são necessárias. O homem necessita de religião, mas atentos porque a fé e religião não são a mesma coisa.
Como; A fé é apoiar-se em alguma coisa é dado. O cristianismo não é uma teoria, mas uma pessoa: Cristo. O que vemos é que a fé se reduz a religião.
A fé deve aliscersar-se em Cristo. Uma vez que você conheceu Jesus e amou o seu Evangelho, não tem existe salvação fora dele. Isso não vale para os que não o conheceram.
Para sermos sinceros devemos colocar em pratica o que nos fala:

“Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: falamos da Palavra, que é a Vida” (1Jo 1,1).

Por isso que a catequese deve ser fruto do que eu creio e não do que eu tenho lido. A teologia serve como instrumento para o nosso serviço e não que nós estejamos a serviço da Teologia.
Hoje mesmo até a cultura e a tecnologia tem dificuldades da teoria, necessita da experiência.
As vezes ouvimos certas teorias, mas isso não é cristianimso. O cristianismo é Cristo. A teologia deveria ser baseada sobre a história da salvação. Uma teologia histórica, narrativa. Uma teologia que se baseia sobre a Bíblia é narrativa.
A Igreja não é para mim, mas para o mundo, em permanente diálogo com o mundo. Não é o mundo que vai a Igreja, mas a Igreja que vai ao mundo.
O que ouvimos
Cristo e não a doutrina sobre Cristo.
Nós vivemos de pensamentos ou de realidades
O Espírito não pode ser um segundo momento, se a fonte é a trindade. A segunda etapa é a historização da primeira.
Não são três etapas mas uma única em sendo de plenitude, desenvolvimento. Não conquistar o externo, mas manifestar o que já esta presente, “em germe”, assim como na semente esta contida toda a árvore.
Desenvolver é dar forma é percorrer um caminho dinâmico. Quem nos guia é a Trindade porque vivendo a comunhão esta junto em tudo.
O cristianismo não é para ser para nós. A evangelização não é posibilismo, mas dar aos outros o que para nós achamos de belo.
Nas outras religiões impede-se a conversão. Uma religião que não respeita a liberdade não é de Cristo. Se a Igreja é sacramento é para os outros, não para si mesma.
A benção é do Pai e do Filho. É o modo de estar presente em nós. É a doação a nós. É dinamismo da relação entre o Pai e o Filho.
A criação de Cristo é finalizada pra que Cristo viesse na história. Deus associou a sua obra criativa Cristo mediador. A primeira obra é historicizar a mediação.

Cristo homem é filho natural de Deus. Nós somos filhos por participação. Nós somos filhos por participação em Cristo. Somos filhos no Filho. Acolhemos tudo, filiação, glória, tudo o que é de Cristo é nosso.
A ressurreição é plenitude da vocação humana. Nós não temos nada fora da cabeça (Cristo). Na ressurreição onde Ele foi nós iremos também.
Cristo mediador do universo, como verdade da criação. Se Cristo é fonte é subestimar. Ele é a verdade sobre nós. Quem pode dizer quem somos é Cristo, por isso dizemos que não existem verdades, mas a verdade, na verdade que é Cristo.
A encarnação não é por causa do pecado, mas é por causa do projeto.
Sem a encarnação de Cristo nunca podemos ter sabido da Trindade.
Tudo se tornou visível com a encarnação de Cristo.
Lucas coloca em relevo a virgindade de Maria. Como pode acontecer uma grandeza destas Virgindade como total pertença ao Reino. Não é causado por causa do mal, mas é o cumprimento do projeto. A modalidade como a páscoa, aconteceu é fruto do pecado (o sofrimento), mas o passar pelo cumprimento não é fruto do pecado. A ressurreição é a estabilidade, não se pode voltar atrás. Onde esta Cristo O homem é chamado a estar.
Se o espírito fez esta obra é porque tudo se torne em Cristo.

Santo Atanásio diz: A encarnação de Cristo é para que o espírito pudesse vir a nós.

O Cristo histórico é obra do Espírito Santo e por Ele possuído. O Cristo glorioso prove o Espírito Santo.


INTRODUÇÃO

O Espírito Santo é criador de Cristo. O Espírito não é um dom mas é fonte. Tudo vem da fonte que o Espírito e para que Ele venha a nós é necessário do mediador.
A benção das bênçãos é Cristo. Cristo não é somente obra do Espírito mas é guiado pelo Espírito. A cristologia dos Sinóticos é ação do Espírito Santo.
A carta aos Hebreus lembra que o sacrifício da cruz é pela Espírito. Nada do que é do Pai não esta no Filho e isso em virtude do Espírito.
No pentecostes Cristo vai ao Pai e envia o Espírito. A ressurreição é a revelação da nossa destinação definitiva. Ressurreição é a revelação da nossa destinação definitiva e não temos volta — é definitiva. Ex. a árvore como se voltasse a ser semente.
Onde Jesus foi, nós também iremos. Jesus é a cabeça de tudo e da sentido a todos nós — com a encarnação Cristo veio a nós e a ressurreição é o estado final. Cristo existe no Espírito.
Rm 8,9: “Uma vez que o Espírito de Deus habita em vocês, vocês já não estão sob o domínio dos instintos egoístas, mas sob o Espírito, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele”.

O Pentecostes é a temporalização do Espírito.

Jo 14,16: “Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre”.
A aliança é também do Espírito com a história. Ele estará sempre conosco, dentro de nós.
A obra do Espírito é colocar-nos junto com Cristo. Após a Páscoa terminou o seguimento, mas com o pentecostes os Apóstolos foram recolocados em Cristo.
O senso do homem não é o Espírito, mas é Cristo.
Em que consiste esta atitude de Cristo na atitude humana
É uma atitude cristologica. Se a cristologia é pneumatologica, a pneumatologia e cristologica.
O que significa ter o Espírito
Caracteriza-se pelo Espírito. Ser no Espírito é porque Ele desenvolve essa caracterização — quem não tem o Espírito não pertence a Cristo diz Paulo. Quem nos fez discípulos de Cristo foi o Espírito.
A abertura de Cristo a nós vem pelo Espírito. E Ele nos recebe, não como escravos, mas como sua propriedade (no sinônimos de tesouro). Paulo recebe o batismo como um recíproco pertencer a Cristo. Assim pertence a Cristo.

1Cor 6, 19-20: “Ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus Vocês já não pertencem a si mesmo”.
Cristo nos possui e nós nos tornamos sua propriedade (tesouro). Ele é o Senhor ao nosso serviço.
Cristo é o primeiro paráclito e ele intercede por nós, esta ao nosso serviço. Continua intercedendo porque o Pai enviou o outro parclito, que deve continuar a Missão de Cristo, a serviço da humanidade. É o empenho, no provede na busca que Deus faz do homem.
Paraclito: prende defesa. Foi enviado para levar adiante a Missão de Cristo e não uma atividade sua.
De que modo o Espírito leva adiante a missão de Cristo

Jesus mesmo diz:

Jo 14,16: “Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre”.

O que escandalizou os Apóstolos Foi a morte (cruz). Mas esta é uma realidade que continua quando dizemos: Porque Deus permite o sofrimento a morte, a guerra
Fazer acolher o Mistério da morte e ressurreição. Mas quando o sofrimento nos prende Quando você sofre deve sofrer em Cristo porque Ele é a vida e se fez instrumento de Salvação. O teu sofrimento é preenchido com a graça de salvação.

Rm 5,8: “Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores”.

O sofrimento não tem valor em Cristo, mas é Cristo que participa do teu sofrimento. Não oferece, mas participa. Da também o valor salvífico universal. Não é que repete a doutrina, mas o acompanhamento do conteúdo é Cristo.
O que significa Cristo para mim Ele é o teu senso. Ele da sentido a minha existência. Nós enchemos a nossa existência com sentido em Cristo. O Filho faz o que o Pai o ordenou. É a abertura e acolhimento. Não diz que é seu, mas tudo vem do Pai. As obras que eu faço são as que o Pai me enviou a realizar.
A atividade do Espírito é Cristologica, nada do seu, porque deve continuar a obra de Cristo. O centro da vida não é a doutrina mas a pessoa de Cristo. É um dever de justiça acreditar e anunciar:

1Jo 1, 1: “Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: falamos da Palavra, que é a vida”.
Ba evangelização não é para converter, mas dar aos outros o que você recebeu. Evangelizar é espalhar Cristo. Tratar o outro, não importa qual é a religião, mas como filho de Deus. Cristo é o nosso mediador, como hoje, nós somos sinal (instrumento).
Na nossa fé devemos ir além do sinal. Não basta acreditar no corpo e sangue de Cristo, mas ir além do sinal e isso se da no encontro com Cristo.
Levar adiante a Missão com o Testemunho. Se o espírito habita em nós Ele nos orientara. Is ao Pai apresenta também o juízo. Se não se acolhe a Cristo é não acolher-se a si mesmo.
Frente ao tribunal o Espírito nos dará palavras. O Espírito vem não para o mundo, mas para os discípulos. Quem é que garante É o Espírito que toma a defesa de Cristo nos discípulos.
O compromisso do testemunho é garantir a verdade de Cristo. Não sobre a doutrina, mas na pessoa de Cristo, que nos faz provar a alegria de ser seus discípulo (Ef 2,10).
Não é a oração, mas o seguimento de Cristo morto e ressuscitado para nós.
Levar adiante esta atitude do Espírito onde chegamos Realizar a nossa comunhão com a Trindade. Nós nos tornamos demora da Trindade. Não só o Pai, o Filho e o Espírito, mas é a Trindade que desce em nós.
O que nos diz tudo isso Que a mediação que rende eficaz as demais mediações é a fé.
Quando é verdadeira a nossa colaboração
Quando nos doamos totalmente, sem reservas. Deixar-se conduzir pelo Espírito é uma passividade ativa. Significa confira totalmente dele e nele e isso deliberadamente.


CAPITULO I

O ESPÍRITO SANTO DOADOR DA VIDA

Nossa postura deve ser a de nos colocarmos no interior do projeto eterno de Deus, no qual o Espírito Santo se configura como dom primordial ou dom-fonte que Deus, na sua livre, gratuita e amorosa iniciativa, estabeleceu de conceder aos homens, para realizar no tem pó o seu projeto salvífico, todo ele centralizado em Cristo.
Antes mesmo que existisse o tempo o Espírito Santo já agia. Sua atividade abraça toda a história da salvação, da criação ao seu cumprimento escatológico. Cristo — é a primeira e a mais excelente obra realizada pelo Espírito Santo: concepção de Maria, encarnação, paixão, morte e ressurreição.

1. O Espírito Santo dom-fonte

Para ilustrar coerentemente a atividade do Espírito Santo nos cristão, o ponto de partida seguro é o projeto eterno de Deus mais que o batismo.
Ao dom do Espírito Santo é reconhecido enquanto fundamento a agente principal da história da salvação — o dom de Deus altíssimo, como se reza no Veni Creatur. Cabe-lhe propriamente levar à plenitude a obra do Pai e do Filho.

Conforme Paulo, por meio do Espírito Santo lhe é conhecido, como também aos demais santos apóstolos e profetas, o conhecimento e a revelação do mistério de Cristo e da universal vocação à salvação em Cristo (Ef 3,5-6).
Ele é a fonte da qual procedem todos os demais dons. O primeiro dom é Cristo, em torno do qual está baseado todo o projeto de salvação do gênero humano. Assim, Deus nos deu o Espírito Santo, para poder dar-nos todos os dons e bens espirituais — Ele é o dom-fonte estabelecido por Deus desde toda a eternidade.

2. Jesus Cristo: oba excelsa do Espírito Santo

A concepção e o nascimento virginal de Jesus Cristo de Maria Virgem. Assim, o Espírito Santo é o autor daquele que, na mente de Deus, desde toda a eternidade, é eleito e querido como centro, causa e fim de tudo o que existe e como único mediador da salvação (Cl 1,16-17). Portanto, tudo o que somos o somos em Cristo, por meio de Cristo e em vista de Cristo.

Aquele que constitui a plenitude dos tempos, que enche de significado salvífico cada tempo, que é o sentido e o significado de todas as coisas e que entrou na história dos homens, para reassumi-la e leva-la à plenitude, é obra do Espírito Santo (Lc 1,35).
Porém, o Espírito Santo pode vir a nós e assumir a nossa existência somente por meio do Senhor nosso Jesus Cristo.

1. O Espírito Santo dom de Cristo a nós

Cristo, dom mais excelso do Espírito Santo. Cristo, via obrigatória pela qual vem a nós o dom do mesmo Espírito com todos os dons da graça e dos bens espirituais neles contidos. Assim, o Espírito Santo é a fonte de todos os dons e Cristo é a mediação necessária pela qual é possível vir a nós qualquer dom. Santo Atanásio assim se expressa: “o Verbo assumiu a carne, para que pudéssemos receber o Espírito Santo.
Paulo, por sal vez, escreve que o Espírito de Deus tornou-se o Espírito de Cristo (Rm 8,9; Fl 1,19), o Espírito do Filho (Gl 4,6).
Por isso, Jesus Cristo envia seu Espírito aos seus, para que permaneça sempre com eles (Jo 14,16), para que possam levar à plenitude neles e por meio deles sua missão de salvação universal.

4. O Espírito Santo, Espírito do cristão

Pentecostes — vinculo indissolúvel assumido pelo Espírito Santo com o Gênero humano, que confere uma nova característica à existência do cristão. A parti deste acontecimento de graça, o tempo do homem tornou-se tam´bem o tempo do Espírito Santo.
Com o evento do Mistério Pascal, Cristo se “afastou” da história e do tempo dos homens e o Espírito Santo desceu e assumiu, com modalidade diversa, a dimensão histórica, que antes era de Cristo, que tornou-se Senhor e subiu à direita do Pai na glória.
O fato do Espírito Santo morar para sempre em meio aos homens (Jô 14,16) ressalta um outro aspecto referente à inabilitação da pessoa do Espírito Santo no cristão — templo vivo do Espírito Santo. Paulo diz: se alguém não tem o Espírito de Cristo não lhe pertence (Rm 8,9).
Da mesma forma, devemos reconhecer que Pentecostes é também a fonte da plena revelação do homem a si mesmo e causa de sua nova condição existencial.
Na perspectiva paulina, no Pentecostes, o Espírito Santo tomou posse nos corações humanos e se apropriou de nossa existência. Desde então e para sempre, somos um ser no Espírito Santo.

5. A obra do Espírito Santo no cristão

Importante a atitude de acolhimento do dinamismo de graça que o Espírito Santo gera e com o qual penetra e transforma a nossa existência, para conforma-la à existência de Cristo Jesus.
Embora seja Ele o agente principal da nossa realização em Cristo, não devemos jamais esquecer de nossa indispensável colaboração, nesta obra da graça.

5.1. Atividade em dimensão cristologica

A obra do Espírito Santo em nós tem uma conotação eminentemente cristológica. Ele nos orienta a Cristo e nos faz entrar decididamente em seu seguimento, para poder formar o Cristo em nós e conformar-nos a Ele. Por isso sempre é dito que o Espírito Santo mora em nós enquanto Ele é o Espírito de Cristo.
Nele, temos a experiência de Cristo como nosso Senhor. É no Espírito que a igreja e cada um dos cristãos torna-se testemunha fiel de Cristo e de seu evangelho.
Nele entendemos o sentido e o valor do mistério pascal de Cristo, também nos momentos de maior sofrimento, pelos quais somos chamados a passar.

5.2 Inabitação e pertença recíproca.

Paulo afirma que o Espírito de Deus e de Cristo tornou-se nosso Espírito, por isso nos pertence e nós Lhe pertencemos (Rm 8,9.11).
Vem estabelecida uma mútua pertença e apropriação recíproca. O momento revelativo e a dimensão histórico-temporal desta realidade se verifica no batismo — os dois protagonistas ficam envolvidos: O Espírito do ressuscitado e o homem novo em Cristo.
Assim, Deus propõe a salvação ao homem e a amizade consigo, mas exige também a resposta livre e obediente do homem.
Isto indica que o batismo tem uma dupla dimensão: aquela da intervenção salvífica, na qual o homem é conformado à imagem de Cristo Filho, e aquela na qual o homem deve significar visivelmente sua resposta e adesão ao mistério pascal de Cristo e ao projeto salvífico de Deus a seu respeito.

5.3. Artífice da comunhão trinitária

Dando-nos seu Espírito, Deus demonstra sua grandeza e a onipotência de seu amor, através do extremo abaixamento; de outro lado, nos dá a entender o quanto Ele considera grande o seu humano.
Isto nos faz contemplar a íntima união amorosa que o Espírito Santo instaura entre nós e as divinas pessoas da Trindade.
O Espírito de Deus fez sua morada em nós — amor substancial que o Pai inspira no Filho e o Filho no Pai. Ele nos faz experimentar o quanto o Pai e o Filho nos amam Nele.




INTRODUÇÃO

Somos em Cristo, mas é necessário construir-se, não conformar-se. Ele mesmo nos predestinou para sermos conforme Ele.
Conforme: Como é Cristo da mesma essência. Não Cristo como modelo, mas somos o que somos porque participamos de Cristo. A nossa existência é em Cristo. E o Pai nos predestinou, nos justificou em Cristo.

Rm 8,29-30: “Aqueles que Deus antecipadamente conheceu, tam´bem os predestinou a serem conforme à imagem do seu Filho, para que este seja o primogênito entre muitos irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou E aos que chamou, tam´bem os tornou justos. E aos que tornou justos, também os glorificou”.

A obra do Espírito Santo e construir-se em Cristo, por isso o Pai nos predestinou. A tarefa de construir-se é do Espírito Santo.

Ef 2,10: “Porque foi Deus quem nos fez, e em Jesus Cristo fomos criados para as boas obras que Deus já havia preparado, a fim de que nos ocupássemos com elas.”.

As obras que Deus predestinou e a de tornar-nos discípulos de Cristo. Ser conforme o Espírito. Ser imagem no Novo Testamento significa essência — Deus é que se tornou visível. Somos imagem da imagem a mesma modalidade de Cristo. Claro que tudo isso precisa ser desenvolvido, com o Espírito que esta em nós. O Espírito esta em nós e nós estamos no espírito, mediante o seu dinamismo.
Deus é a nossa plenitude, por isso nos realizamos na medida que nos encontramos com Ele. Nós temos uma só ontologia — Cristo. Se tivesse outra ontologia não seriamos nós.
Todos somos responsáveis e quem nos faz dinâmicos é a ação do Espírito Santo. O crescer é nossa responsabilidade, para isso devemos usar de todos os meios para aderir a Cristo. A obra do Espírito Santo é o desenvolvimento dos dinamismos.

- Como se desenvolve a fé Acreditando.
- Como se desenvolve a caridade Amando.
- Como se desenvolve a esperança Esperando.

Mas é deixando a nós para desenvolve-la. A fé, a esperança e a caridade são participantes do dinamismo de Cristo. A fonte destes dinamismos são Criptológicos, por isso participamos da fé, da esperança e da caridade de Cristo.
Este dinamismo (fé, esperança e caridade) comporta abrir-se a uma pessoa que é Cristo.

O que dizer dos dinamismos Teologias

Dinamismo da fé

A fé o que significa Acreditar. A fé é acolher o que nos é dado. Também não é adir formulas. O ensinamento é importante por que recorda os conteúdos. Ficar atentos porque sempre é uma formulação humana. O mais importante é o conteúdo. O que é mais importante crer “em” ou em “a”
Os dois porque o “a” é fruto do “em”. Adesão “a” uma pessoa. Por que crer em Cristo é fundamental
No aspecto Antropológico: crer no nosso senso. Em quem existimos Em Cristo. Aderimos a Ele que é a nossa verdade, senso. Não sermos expropriados, mas adquirir a verdade — essência.
Mais adere-se mais tem sentido a nossa existência. Quem é a nossa verdade É Cristo e quanto mais crescemos, mas o buscamos.
Biblicamente “crer” significa apoiar-se “em”.
Em quem nos apoiamos Na pessoa de Cristo.
Nos predestinou a sermos…” Apoiando-se sobre Cristo mais nos assemelhamos a Ele. Mais se faz forte. Apoiar-se “em” não é uma questão de teoria, mas em uma pessoa. Uma pessoa que se doa como teu fundamento, é um ato de amor.
Crer “a” não é essencialmente em Cristo. Posso crer, mas é diferente de crer “em”.

Jo 17, 21: “Para que sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti”.

É a máxima da união este dom do fundamento (pessoa de Cristo) é também a confiança de Deus ao homem. Se Deus se doa ao homem é porque confia. Ele se torna nosso fundamento (como pessoa). Confiança que é amor. Deus se confia a você e você confia nele.
“Em” — Ele que te colocou nele. Assim do porque apoiar-se “em”.
Como se qualifica o cristão Homem de fé. Vive esta relação vital com Cristo, acolhendo o que esta pessoa me disse e porque é daquela pessoa. Fé — fidelidade: fiel a Deus porque Deus é fiel a nós.
Viver de fé. É não apoiar-se em mais ninguém se não em Cristo (revelações, aparições, comentos etc).
Fé é confiar só em Cristo. Não buscar outros apoios externos. Porque ai não acreditaremos nele.
São João da Cruz diz: “A fé torna-se única mediação para a nossa relação com Deus”.
Se déssemos credito as coisas (que surgem etc) não estaríamos acreditando na força de Deus. Acreditar em Cristo por Cristo. A fé é fonte de vida, mas também fonte de sofrimento — porque é nosso intuito ver.
A isso São João da Cruz chama: Proximidade ativa que é extrema confiança dele. Quem garante a autenticidade de Cristo É o Espírito Santo. Quem conhece mais Cristo que o Espírito Santo Só Ele porque Ele é o autor.
A fé cresce na confiança de uma pessoa concreta, neste caso chama-se: Jesus Cristo. Crescer na fé é crescer na liberdade.

Dinamismo da esperança

Dinamismo da orientação — é caminhar na direção “de”. O fato que existimos não em plenitude, o que nos garante que é necessário caminhar “na” direção é o dinamismo do Espírito Santo no senso da verdade.
A esperança é antecipação do futuro, não do que não conhecemos, mas que se faz presente. É Cristo que vem, não permanecemos na incerteza. A esperança é a fé tornada história. Não se pode crer sem a esperança. A esperança abraça a fé e a fé nos ajuda a compreender a esperança.
Cristo é a verdade sobre o mundo:

Jo 3,14-16: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna. Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida terna”.

Nos é dada a vida para que não se morra, isto é, para que não sejamos sem esperança.
Quem é que vive E o que tem esperança, o dom da orientação. Cristo é porta porque ele é: Caminho, verdade e vida.

Jo 14,6: “Jesus respondeu: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

- Cristo é o doador de verdade para o mundo;
- Cristo é caminho para o mundo;
- Cristo é vida para o mundo.

Jo 10, 7. “Eu garanto a vocês: eu sou a porta das ovelhas”.

A esperança do cristão é caminhar, porque “já” e ainda “não”. O “não” surgiu do “já”. Se não tivéssemos o “já” não pediríamos o ainda não.
Esperança humana é em algo que não temos.
Esperança teológica, nasce do que já temos.

São dinamismos. E o “já” que gera o “ainda não”.

Deus se doou através da mediação da fé — por isso que ela é fonte da esperança porque é “já”. Isso nasce do que se possuímos. Não podemos pensar em Deus se Ele não estivesse em nós.
A virtude da esperança é o continuar realizar o “ainda não”.
É o “já” que deve se desenvolver. É o fruto que se insere no presente. A esperança não só garante o futuro, mas é um aproximar-se do “ainda não”.
O cristão é homem de esperança pela fé. Fazer atos de esperança, por isso que dizemos que o agir é o instrumento de nosso crescimento. Podemos esperar porque temos esperança.
Através da fé e esperança não somos para nós, mas para os outros. Cristo é esperança para o mundo, assim o cristão. Não se pode ser cristão para si, mas para os outros. Ser cristão é uma continua evangelização dada através do testemunho — mas para isso é necessário ter presente o bem dos outros.

1Cor 12,7: “Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos”.
A tua esperança, a fé e a caridade são para o bem comum. Não podemos resolver os problemas particulares, mas abertos sim para ir ao encontro dos outros isso sim podemos fazer.


CAPITULO II

AUTOR DA NOSSA CONFORMAÇÃO A CRISTO

1. O Espírito de Cristo realizador do projeto de Salvação do homem

O Espírito Santo, fonte e nascente de todos os dons e bens espirituais, estabeleceu que Cristo fosse mediador também da vida do Espírito Santo. Pois bem, o Espírito, para que pudesse ser mandado a nós como fonte de todos os dons e bens espirituais, realizou o dom da única mediação que é Cristo. Assim, o mesmo Espírito que operou a concepção e o nascimento virginal de Jesus, único mediador do projeto salvífico divino, está em nós e continua a formar em nós o Cristo e a conformar-nos a Cristo. Tudo nos deve vir mediante Cristo, mas tudo tem sua origem no dom-fonte que é o Espírito Santo.
Podemos dizer que assim como o Espírito Santo iniciou a dar dimensões históricas ao divino projeto salvífico formando Cristo homem no seio da Virgem Maria, assim continua a tornar-se história o projeto salvífico de Deus formando em nós o Cristo e conformando-nos a Cristo. É, pois, tarefa especifica do Espírito Santo realizar Cristo em nós e suscitar-nos à adesão livre e obediente a Cristo Jesus.

2. O Espírito fonte dos dinamismos teologias — adesão e crescimento em Cristo

O único espaço vital no qual o homem é chamado a realizar a sua autoconstrução não pode não ser Cristo — ao homem é negada qualquer possibilidade de dar sentido à sua existência e de realizar uma verdadeira construção de si mesmo fora de Cristo. Exigência: adesão permanente e em modo radical e livre a Cristo. A esta finalidade estão destinados aqueles dinamismos que construamos chamar teologais, sem nunca perdermos de vista a centralidade de Jesus Cristo. Podemos dizer que se trata dos mesmos dinamismos espirituais com os quais Jesus viveu na intimidade filial com o Pai e que fizeram de sua vida terrena uma permanente abertura e obediência amorosas à vontade do Pai. São estes os dinamismos que nos conformarmos à imagem do Filho encarnado. Filhos no Filho. Nossa destinação ultima a Cristo implica e exige nossa total assimilação e conformação a Cristo Jesus — estatura de homem perfeito (Ef 4,13). Isto indica que somente Cristo pode ser o fundamento dos dinamismos próprios do desenvolvimento da vida divina em nós. Porém, ao Espírito Santo é confiada a missão de fazer-nos crescer e desenvolver em Cristo. Ninguém melhor que o Espírito para o ensinar Cristo. Este dinamismo do Espírito em nós é chamado de vida teologal — fé, esperança e caridade.

3. Cristo referimento essencial das virtudes teologais

O crescimento espiritual é crescimento da vida em Cristo, por meio de Cristo e em vista de Cristo. Assim, os dinamismos próprios deste crescimento são os dinamismos da graça ou teologais como participação aos dinamismos de Cristo e expressam a plena integração entre a vida de Cristo e a pessoa humana.

4. O dinamismo da fé: Cristo verdade do cristão

4.1. Aspectos antropológicos.

As virtudes teologais afirmam suas raízes diretamente na pessoa e na vida de Cristo. Cristo tem sua origem na eterna decisão de Deus de salvar o homem em Cristo, decisão motivada do amor gratuito de Deus. O credente é chamado a testemunhar a sua fé em Cristo, e confiar totalmente Nele.
Levando em conta que a pessoa foi criada para viver em comunidade, e não só. Pois alcança sua plenitude mediante a comunhão com os demais, isto é, no fazer espaço aos outros e a si mesmo, no sair a si mesmo e confiar nos outros.

4.2. Aspecto cristológico-espiritual.

A virtude da fé tem suas raízes diretamente na pessoa e na vida de Cristo. Cristo, desta forma, figura como o dom do amor de Deus no Espírito Santo, que o estabeleceu fundamento não apenas do ser, mas da vida do homem e de todos os dinamismos divinos necessários, para o processo de desenvolvimento da vida espiritual do cristão. E, no Espírito Santo, o cristão dá testemunho de sua fé e se confia totalmente a Cristo.
A fé sempre é em referencia a um outro. Assim, a fé cristã é referencia necessária a Cristo. Assim, a fé cristã, antes de ser uma adesão a verdades propostas, é adesão a Cristo, enquanto pessoa e, em Cristo, o homem encontra a verdadeira compreensão de si. Os meios que a fé coloca a disposição do cristão, para colher e usufruir salvificamente da presença do ressuscitado, são a palavra e os sacramentos.

5. A esperança: Cristo luz e sentido do presente

A esperança deve ser entendida no contexto da centralidade absoluta de Cristo, no interior do projeto divino de salvação. Não pode haver outro fundamento, nem outro referimento que Jesus Cristo.
E a esperança é o dom de ver e de acolher o cumprimento histórico de Cristo como garantia do futuro e da meta definitiva de cada ser humano. Assim, a esperança é a força que oriente o homem a uma profunda comunhão pessoal com Jesus Cristo, enquanto Ele é sua complementaridade que constitui a verdade de sua plenitude.
A esperança aparece como o dom da graça que impulsiona o homem a confiar a Cristo sua própria existência — a situação definitiva de Cristo ressuscitado é também a destinação última do ser humano. Não apenas certeza futura, mas a esperança já é antecipação de todo o processo: vida em Cristo como filhos da luz e da paz.
É também sinal evidente que o cristão não se empenha inutilmente na sua co-responsabilidade com os dons e bens espirituais recebidos.


INTRODUÇÃO


A MEDIAÇÃO DAS MEDIAÇÕES É A FÉ.


Lc 2, 52: “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens”.

O Evangelho de Lucas apresenta Jesus em relação com o Pai. E neste movimento vai clareando a missão. Cristo é o homem de fé, esperança e caridade. Jesus faz o que ouviu do Pai.
A fé não é porque ficamos surpresos, mas é uma base onde apoiar-se. Não é uma teoria, nem uma palavra, mas é Deus.
Deus dou-se para que o homem pudesse apoiar sua existência N’ele. Por isso que Ele é fundamento — dom porque é gratuidade.
Nossa ontologia é dom — para apoiar o nosso edifício existencial. Faz emergir através da fé e da esperança a caridade (amor).
A fé é manifestação do amor. Deus se doa ao homem porque Ele tem confiança em nós. A caridade é a consumação da fé. A gratuidade de Deus é dar-se como nosso fundamento, mas para isso é necessário dar uma resposta. É o colocar-se nas mãos do Pai. Todos temos a fé, mas nem todos acreditamos. Se Deus não fosse a base de tudo, nós não poderíamos existir. Por isso que Ele quer sempre a resposta. Deus confia em nós e nós devemos confiar em Deus.
O fundamento da caridade é a fé. A fé é a Kenosis (abaixamento de Deus), onde Ele exalta a criatura.
Viver na fé é viver na contemplação de Deus. Não aderindo formulas e esquemas, mas viver na coerência.
A fé é fundamento da esperança — a fé torna-se história. Do já nasce a esperança — o desejo nasce do conhecimento — do fato.
A plenitude e deixar cair a barreira para que se de o encontro imediato.

Dinâmica da caridade

Entender a partir da estrutura da pessoa humana. Quando falamos da estrutura onde não tem um elemento mas uma pluralidade para ter uma visão. As ciências humanas, consciência, relação, capacidade, mas o fim é a união com Deus. O homem é imagem de Deus que Jesus é Filho de Deus.
Onde esta a pluralidade Na condição ou na coordenação
Não basta a pluralidade, mas uma hierarquia onde uma necessita do outro. O amor é um elemento cotidiano da pessoa, mas é a razão de todos os outros elementos.
São livres quando somos livres para amar. Amor que tem uma base cientifica conhecimento. O intelecto a serviço da vontade.
Amor sem motivação não é amor, a liberdade a serviço do amor. O elemento que liga tudo é o amor.

Fundamento Bíblico

A causa da decisão de Deus é o amor. Se somos imagem — somos cópia. Não podemos haver outra mediação se não o amor de Deus. Deus não pode não amar tudo. Por que Deus pode amar? Porque ele é a liberdade.
O que significa liberdade para amar?
Deixar o nosso egoísmo, individualismo, assim seremos capazes de amar. O verdadeiro amor exclui compensações ou gratificações. Doar-se gratuitamente.
Mas para quem? Para servir.
A dinâmica do amor é sair de si e ir ao encontro do outro para servi-lo.
Por que? Porque a pessoa é relação e assim nos enriquecemos para nos realizar. Não podemos nos realizar fora deste ambiente. Amar é sair de si. Porque a plenitude de Deus é relação. A relação faz parte da nossa estrutura. A sexualidade é a imersão na carne do homem. Revela que o ser humano não se basta, mas se realiza com a comunhão com os outros. A vocação comunional nasce do interno. Cristo não te impôs outra vocação, mas somos a vocação fundamental. A fraternidade a comunhão entre dois seres humanos é a união de dois irmãos.
Amar o inimigo é fazer um favor a si mesmo. Mais se restringe a relação, mais pobre. Mais alargamos mais nos enriquecemos. Mateus nos lembra que quando estamos no altar para fazer a oferta e lembra que tens algo contra o teu irmão, deixa a oferta e vai ao teu irmão.
Nos realizamos com o outro. O que é tornar-se uma coisa com o diferente. O diferente diz que o outro deve ser como você. Dois deferentes, significa dois objetivos. Tornar-se uma coisa só não é possuir o outro para fazer dele o que você quer, mas deixar o espaço para que o outro possa crescer. Todas as ações devem ser feitas por um objeto.
No matrimônio nenhum dos dois pode tornar-se escravo do outro. Mas complementar-se. A complementaridade não é porque falta alguma coisa, mas no sentido da identidade. Quem te faz compreender quem você é, é o outro.
Isso podemos entender a partir do conhecer o nosso original. Deus é o meu complemento, referindo-se a Ele posso entender quem sou.
O outro é importante para que eu possa entender a minha identidade. O outro te faz compreender o eu.
Dinamismo de relação.
Para que as relações não sejam promissórias o que é necessário? É o amor – porque é da natureza mesma sair de si e ir ao encontro do outro, para servi-lo.
A relação pode vir no campo da amizade. Não encontra-se para aproveitar do outro, mas para construir-se. Assim cada dia deve ser diferente do outro.
Encontrar uma boa companhia – uma verdadeira amizade é quando os dois crescem na verdadeira liberdade. O dinamismo que permitem de ser aberto é a o amor para enriquecer o outro, mas não para possui-lo. Isso tudo é ascese. Amor é sofre, amar é tornar-se vulnerável, enquanto refutado ou não bem entendido do outro. Sair de si é despojar-se como o outro quer ser amado. O nosso amor não é pleno, deve sempre crescer. Mas diante do refuto do outro, Deus poderá permitir este luxo.
Como estar em comunhão com o outro?
É o que Mateus nos diz: Se esta no altar...
Querer ao outro tudo o que você quer para você por isso é necessário querer bem a si mesmo. A capacidade de amar como critério de amadurecimento da pessoa. O nosso empenho é desenvolver-se. Mas isso depende do grau da capacidade de amar. Não é cumprir grandes obras, mas o grau de amar com que se faz as coisas, mais insignificantes.
Mais se cresce na capacidade de amar, mais se torna pessoas maduras.
A (GS ) mostra que a verdadeira ação é quando você age segundo a consciência, isto é, amor a Deus e ao próximo. A identificação do amor é fazer o bem.

6. A dimensão da Caridade: amar como ama Cristo

Também para o dinamismo da caridade é essencial o referimento a Cristo. Nossa liberdade de amar e de obedecer à vontade do Pai é participação à liberdade de Cristo. Desta liberdade brota toda a dinâmica do amor.

6.1 Aspecto antropológico

O dinamismo do amor, considerado sob o ponto de vista antropológico, é essencial à vida humana. O critério de maturidade de uma pessoa é propriamente a sua capacidade ou não de amar.
Só no amor levado ao pleno desenvolvimento a pessoa é capaz de plena realização de si. Sob o ponto de vista estrutural, pode-se dizer que a vocação fundamental da pessoa é uma vocação à comunhão — amor. Esta centralidade torna-se mais evidente ainda quando a união assume o aspecto qualificante de dom — doação no amor e por amor.
Assim, o amor é o que melhor qualifica o ser humano — o homem vive para amar e vive do amor e por amor.

6.2 Aspecto teológico-espiritual

Sob o aspecto teológico-espiritual, temos que o amor expressa relação com outro. Isso indica que ninguém encontra a plenitude de sua vida em si mesma, mas na sua comunhão com outros.
Os místicos e os autores espirituais normalmente se referem ao Espírito Santo com os nomes de dom, amor, comunhão, beijo, caricia, gratuidade e transcendência.
Também o homem realiza sua vocação originária somente no dom de si mesmo, na comunhão e na co-divisão. João nos recorda a perfeição ou a santidade de Deus está mesmo no amor. Ele é amor (1Jo 4,8).
E o amor é verdadeiro quando impulsiona a pessoa a sair de si mesma colocando-se em disponibilidade para os outros. Porém, não basta apenas amar os outros, mas devemos amá-los como os ama o próprio Cristo.

CAPITULO III

O ESPÍRITO MODELO DO CRISTÃO

1. O espírito é Senhor

No creio nos professamos a nossa fé dizendo: Creio no Espírito Santo que é Senhor.. (cf. Símbolo Niceno-constantinopolitano). Em linguagem bíblico Senhor significa Kyrios titulo dado somente a Deus, pelo qual confessa o Espírito Santo como Senhor, significa reconhecer e proclamar que Deus, que é pessoa divina igual ao Filho, comdividindo com Ele a unidade e a mesma natureza.
O Espírito Santo vem chamado pelos místicos e dos autores da espiritualidade “dom, amor, comunhão, beijo, gratuidade transcendente. A verdadeira imagem da pessoa divina em particular é o Espírito Santo.

2. A comunhão com a salvação: plena realização de si.

O homem só se salva na comunhão. Conhecemos a formula trinitacia com o qual Paulo sauda os crsitão: 2Cor 13,13: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Desu Pai e a comunhão do Espirtio Santo estajam com todos vocês”. Como vemos a comunhão vem do Espírito Santo. Ele também é o doador de comunhão.

CAPITULO IV

O HOMEM ESPIRITUAL

1. O homem determinado pelo Espírito de Cristo

Trata-se de uma reflexão sobre o mistério do homem, enquanto criatura nova, mediante a regeneração batismal por obra do Espírito Santo.
O ponto de referimento é o do Mistério Pascal de Cristo Jesus. Por ação do Espírito, o homem espiritual se coloca numa atitude de abertura e de amizade com Deus; coloca-o em condições de responder e de aderir livre e incondicionalmente a Deus, escutando-o dialogando com ele; coloca-o em condição afetiva de colaborar em modo responsável e eficaz com a própria plena realização.

1.1 O homem segundo o Espírito

O homem segundo o Espírito é propriamente o homem espiritual, isto é, no Espírito ele encontra o princípio da vida, porque caminha segundo o Espírito.
Para Paulo, é o homem que não caminha segundo a carne — modo de viver do homem, conforme o homem velho. Já o homem espiritual caminha segundo o Espírito (Gl 5,16). Espírito que configura o homem a Jesus Cristo.
É Cristo quem determina sua vida e suas opções. Paulo usa também a categoria de nova criatura, quando se refere ao homem espiritual — homem regenerado pelo Espírito Santo em Cristo, porque Deus, desde sempre, pensou o homem à imagem de seu Filho — filhos no Filho.

1.2 Nova criatura

O ser humano é único, não se repete. Além disso, a singularidade depende também do grau de experiência que alguém faz da sua união e transformação em Cristo. Cada um é cada um. Deus sempre pensou o homem em Cristo: a novidade consiste ser em Cristo.

2. O homem transformado em Cristo pelo Espírito

O objeto próprio da teologia espiritual, como já foi considerado, é a santidade ou a perfeição cristã, entendida como pleno desenvolvimento da vida cristã de graça no cristão, sob a ação do Espírito Santo.
Homem espiritual é, pois, aquele que, mediante a ação do Espírito Santo, é transformado e assimilado a Cristo. Protagonistas: o agente principal é o Espírito Santo; depois, vem o homem, como colaborador — chamado a responder e a exprimir sal adesão livre e obediente. Este é seu aspecto dinâmico.

3. O homem novo singular do Espírito.

O crescimento espiritual pode ser considerado como uma obra de personalização da vida cristã como caminho de singularizarão — adesão incondicional à ação do Espírito Santo. Trata-se sempre deste cristão distinto de qualquer outro discípulo de Cristo.
Isto não depende do individuo, mas é obra da graça. Os homens são irepetíveis. Além disso, a singularidade depende também do grau de experiência que alguém faz da sua união e transformação em Cristo — cada um é cada um.
É sempre este cristão diferente do outro. Em cada um ser realiza propriamente o quinto evangelho: é o evangelho que cada cristão é chamado a escrever vivendo fielmente o seguimento de Jesus Cristo — tem o valor de uma nova escarnação. Cada um deve ser este particular discípulo de Jesus Cristo.


QUARTA PARTE

A SANTIDADE CRISTÃ

INRODUÇÃO

A santidade no Antigo e Novo Testamento, com seus aspectos ontológicos e morais. A união com Cristo fonte da santidade cristã. A obra de santificação é fonte da trindade e a Igreja é o lugar de crescer na santidade escutando a Palavra e os sacramentos que são meios privilegiados de santificação.
A santidade entendida como perfeição reverta o significado de resposta do homem, que alcança a plenitude na caridade.
A santidade é o objeto específico da teologia espiritual — termo último da espiritualidade cristã — coração da própria teologia espiritual. A santidade é o fim último, para o qual foi por Deus chamado à existência em Cristo Jesus. Para o cristão, significa construir e preencher o verdadeiro sentido de sua existência. É, pois, o fim último do desenvolvimento da vida de graça do cristão.

A TEOLOGIA ESPIRITUAL

“Se sois teólogos, orarás verdadeiramente
e se oras verdadeiramente, sois teólogo” (Evagrio Póntico)

INTRODUÇÃO

- Como unir ação e contemplação, Teologia e santidade, Santidade e pastoral, Deus e o homem?
- De uma Teologia de joelhos no chão para uma Teologia sentada (acadêmica).
- Séc. XII – a Teologia se separa da Teologia monástica. Depois a Teologia se separa da espiritualidade.
- Séc. XIV – surge literatura espiritual, independente da literatura “teológica”.
- Séc. XVI-XVII – experiência espiritual, experiência mística (João Ruysbroeck). Surge a Teologia Ascética e mística.
- XIX – Movimento místico – necessidade interior prática e devoção que terá maior impacto na formação sacerdotal.
- Em 1922 já se havia falar de teologia espiritual. Joseph Guilbert, quatro ano mais tarde publica o primeiro manual com este título.

“A instituição da cátedra de Ascética e Mística obedece a uma iniciativa de Pio X em 1910 e se concretiza em 1931 pela aprovação de Bento XV. A motivação direta é uma melhor formação do clero nos âmbitos da perfeição cristã. Em 1931 se incorporam às faculdades teológicas a ‘ascética’ entre as disciplinas auxiliares e a ‘mística’ entre as especiais: a ascética designa o estudo dos princípios da vida espiritual em seu desenvolvimento mais ordinário, enquanto que a mística se reserva a questões mais especiais” (V.M. FERNANDES e C. CALLI, Teologia y espiritualidad, Ed. San Pablo, Buenos Aires 2005, p.22).
“A Teologia deve ser ‘espiritual’, se ela não quiser ser infiel a sua missão. Uma Teologia da espiritualidade deve ser uma parte da Teologia Sistemática, que se ocupa da espiritualidade (...) Ela deve tratar das questões fundamentais da existência cristã, na perspectiva de sua realização concreta no coração da experiência espiritual na Igreja” (V.M. FERNANDES e C. CALLI, Teologia y espiritualidad, Ed. San Pablo, Buenos Aires 2005, p. 23).
A espiritualidade constitui uma dimensão essencial da teologia.

Relação entre a Teologia espiritual com as demais teologias

1. A Teologia Moral reclama por recuperar a dimensão dinâmica e espiritual para sua disciplina.
2. A Teologia Dogmática é inadequada a separação da espiritualidade e iniciou o caminho de regresso à unidade.
3. A Teologia prática está muito próxima da Teologia espiritual e da pastoral.

A relação entre a Teologia Espiritual e a Teologia Dogmática

A. Stolz – Beneditino – opõe à concentração psicológica da espiritualidade para reivindicar seus fundamentos teológicos.
B. Pe. Gabriel de Santa Maria – Carmelita – revalorização teológica do aspecto psicológico. Ele apresenta três critérios: 1. um caráter cientifico, que a consideração psicológica científico pode adquirir; 2. um valor teológico, que a doutrina espiritual requer uma síntese do aspecto teológico e psicológico; 3. evoca relação entre o objetivo e o subjetivo. Entre a Teologia Espiritual e Moral deve haver uma criativa integração mútua.
C. Gamarra: “ a relação pode caracterizar-se de duas maneiras: Primeiro: não se reduz a uma valorização que a teologia pode ter da espiritualidade. Segundo: não é de dependência ou subordinação total, mas parcial.
D. Charles Bernard e Daniel P. Moroto: mútua dependência. Uma espiritualidade nasce frente a uma mentalidade teológica predominante. A Teologia se apóia nas verdades da Revelação e se orienta por meio das formulações dogmáticas.
E. A Teologia espiritual tem como objeto a vida cristã, vivida por cada um. A Teologia tem como característica a apropriação pessoal e subjetiva do dado universal e objetivo da revelação. O seu centro está na experiência cristã.
A Teologia Espiritual é a teologia da experiência cristã, muito próxima à Teologia Moral.

Fontes da Teologia Espiritual

- A Palavra de Deus, a Igreja como mediação e como comunhão de vida, a liturgia, os sacramentos, a história vivida pelo Povo cristão, os documentos eclesiásticos, a história de salvação dos cristãos, a experiência pessoal, as experiências interiores extraordinárias, as formas do compromisso cristão, a realidade do que sofre e do pobre (cf. V.M. FERNANDES e C. CALLI, Teologia y espiritualidad, Ed. San Pablo, Buenos Aires 2005, p. 27).

Relação entre Pneumatologia, Tratado da Graça e a Teologia Espiritual Xavier Pikaza: “A Teologia espiritual pode ser definida em duas perspectivas. Primeiro: é p estudo do mistério de deus como lugar de planificação e maturidade, de transformação e transcendência para o homem. Segundo: estudo daquele caminho de autosuperação, de entrega e realização do homem que se lança nas mãos de Deus”. (Idem p.28).

A relação com a Teologia moral

A Teologia Moral: estudo dos primeiros em ordem da salvação, e a ciência espiritual, estudo dos segundos em ordem à santidade.
“A Teologia Moral é perfeitamente uma em suas funções diversas. A Teologia Espiritual é uma destas funções tem por objeto fixar as regras próximas da ação sobrenatural. A Teologia deve ocupar um lugar dentro da estrutura da Teologia Moral (Idem p. 28). A Teologia moral trata tanto dos fundamentos da vida cristã como de seu fim que é a santidade; tanto Ela como a Teologia espiritual, considera a vida humana em sua totalidade, são partes da mesma antropologia sobrenatural. Assim definiu Bernard: a teologia moral considera, em primeiro lugar, a estrutura e as leis que regulam a ação, e a teologia espiritual considera, antes de tudo, a evolução existencial da vida cristã. Moioli, afirma: a moral trata da vida cristã em sua dimensão estática; a teologia espiritual, em contrapartida, prevalece o ponto de vista dinâmico ou processual. Os temas mais usados são desenvolvimento, progresso itinerário, caminho e crescimento. (Idem p. 28-30).
O método da teologia moral é mais racional, parte dos princípios e suas leis são universais. O espiritual, experiência de comunhão imediata com Deus; o ético, norma e preceito a ser observado virtuosamente.
A teologia espiritual não pode ser simplesmente concebida como uma ciência aplicativa de vários saberes teológicos e, especialmente, a dogmática e a moral. Todas as teologias, de modo especial a pastoral e moral é portadora de uma dimensão prática. A teologia espiritual pressupõe necessariamente a teologia moral, pois ela trata deste movimento rumo à plenitude. As normas de cunho moral também são instrumentos que procuram endireitar os fiéis no caminho da verdade, da realização dos fiéis, que significa vida em plenitude.

A relação da teologia espiritual com a teologia pastoral

Mario Midali: necessidade de uma verificação periódica e de eventual retificação.
A Teologia pastoral se ocupa da vida espiritual do pastor e da formação espiritual dos fiéis. Afinal, qual é a relação entre ação pastoral e a vida de oração? Como a ação pastoral introduz na vida de oração, de maneira que conduz o fiel a uma relação pessoal com Deus?
A Teologia pastoral leva em consideração a práxis da Igreja, enquanto que a teologia espiritual concentra sua atenção sobre a experiência espiritual da pessoa, em conformidade com a comunidade cristã. A teologia pastoral procura melhorar a prática evangelizadora. A teologia espiritual acompanha a construção da pessoa no Espírito. Ambas enriquece a dimensão social e estão em harmonia com as outras ciências teológicas. O interesse da Teologia espiritual se concentra mais sobre a configuração da vida espiritual dos diversos sujeitos sobre o ideal de vida no Espírito. Já a teologia prática se concentra mais sobre o conjunto da prática religiosa e cristã da comunidade em seu empenho evangelizado.
Entre a dogmática, a moral, a pastoral e a teologia espiritual existe uma relação de intercambio. Tanto a teologia dogmática como a moral oferecem à teologia espiritual o elemento indispensável da objetivação que ajuda a evitar o risco sempre presente de interpretação demasiado subjetivo do mistério. A pastoral, por sua vez, amplia a dimensão eclesial e evangelizadora da teologia pastoral; enquanto que recebe desta o enfoque de interiorização pessoal em perspectiva de crescimento. Ao introduzir na reflexão cristã a riqueza da experiência vivida, a teologia espiritual não pode reduzir a uma mera aplicação concreta dos princípios da teologia dogmática nem a uma parte integrante da teologia moral ou pastoral. A experiência espiritual tem uma função ordenadora e integradora já que a penetração e adesão ao mistério da fé leva à unificação do pensamento teológico. (Idem p. 33-34).
Ao introduzir na reflexão cristã a riqueza da experiência vivida, a teologia espiritual não pode reduzir a uma mera aplicação concreta dos princípios da teologia dogmática nem na parte integrante da teologia moral ou a pastoral. A experiência espiritual tem uma função ordenadora e integradora já que a penetração e adesão ao mistério da fé leva à unificação do pensamento teológico.

A Teologia como disciplina autônoma e seus desafios atuais

O objeto direto da teologia espiritual é experiência cristã.

DEFINIÇÕES:

- Para F. Ruiz Salvador, a teologia espiritual é a parte da teologia que estuda sistematicamente, sobre a base da revelação e da experiência qualificada, a realização do mistério de Cristo na vida do cristão e da Igreja, que se desenvolve sob a ação do Espírito Santo e da colaboração humana, até chegar à santidade.
- Para B. Secondin e T. Goffi, a teologia espiritual é a disciplina teológica que explora sistematicamente a presença e ação do mistério revelado na vida e na consciência da Igreja e do crente, descobrindo sua estrutura e as leis de seu desenvolvimento até à santidade, enquanto perfeição da caridade.
- Ch. A. Bernard propõe que a teologia espiritual é uma disciplina teológica que, fundada sobre orincípios da revelação, estuda a experiência espiritual cristã, descreve seu desenvolvimento progressivo e da a conhecer suas estruturas e suas leis.